terça-feira, fevereiro 07, 2012

Bigsix

PINHEIRINHOS - THE BIG SIX




Por vários motivos e contra a nossa vontade, nos últimos tempos a Daniela e eu temos escalado muito pouco. Nem mesmo o poderoso apelo do gelo tem podido demover-nos da urbe.
As nossas ultimas escaladas foram no entanto gratificantes. Andámos ocupados a repetir algumas das vias estabelecidas na fantástica falésia dos Pinheirinhos, no coração da Serra da Arrábida.
Esta bela falésia possui neste momento 43 vias (53 se contarmos com a Parede Amarela), a sua grande maioria semi-equipadas, onde encontraremos reuniões e algumas protecções intermédias sob a forma de parabolts inox M10.
Neste pequeno cantinho nascido do Atlântico iremos descobrir um verdadeiro jardim de calcário capaz de despoletar emoções variadas e para todos os gostos.
Os factores comuns e sempre presentes são, sem sombra de dúvidas, a tranquilidade e o ambiente.
Nas nossas deambulações verticais mais recentes, realizámos algumas escaladas com um sabor especial. Com um travo digamos, a bigwall.
Agarrados ao conceito vago do “porque não?” resolvemos unir algumas vias, ou lances, de forma a prolongar os itinerários e sobretudo, unir o ponto mais baixo ao ponto mais alto da falésia. Não é uma ideia inovadora, nem tão pouco inaugurámos novas linhas com este conceito, no entanto fica o registro de algumas dicas que possuem a dupla capacidade de preencher um dia inteiro de escalada (pelo menos para os mortais) e de preencher os espíritos daqueles que buscam experiências duradouras e já com umas dimensões respeitáveis.
Podem ser realizadas outras combinações, dependendo a escolha unicamente da imaginação do escalador.
O que se segue é uma selecção pessoal, composta por uma lista de seis itinerários longos que escalámos e que propomos para este Inverno, aos possíveis interessados.

1. Viagem sem rumo
2. Aéreas sensações, apocalípticas emoções
3. A incógnita
4. Flor sem rumo
5. Humidade en Rose
6. Vêm aí as sensações


1. Viagem sem rumo


Em 2005, o Miguel Grillo e eu, a caminho da abertura da segunda via dos Pinheirinhos. " A falésia inteirinha por explorar!"


Esta foi a segunda via a surgir nos Pinheirinhos e a primeira a percorrer toda a falésia, desde o nível do mar até à cota mais elevada.
Novembro de 2005. O Miguel Grillo e eu iniciámos a escalada com a inauguração da travessia de dois lances que agora desvenda o acesso a várias vias.
Com um dia de permeio, no dia 4 embrenhámo-nos definitivamente na ascensão.


2005. O Miguel Grillo na abertura do lance de artificial da "Viagem sem rumo". O inicio da aventura.


Esta via é a única dos Pinheirinhos em que será bastante útil ir prevenido com um gancho, de forma a ultrapassar os passos de escalada artificial localizados no terceiro lance. Este largo foi recentemente forçado em livre pelo Francisco Ataíde e pelo Nuno Pinheiro.
Após um bivaque suspenso em hamacas num nicho extra-prumado que apelidámos de “Nicho dos colgados”, abrimos os restantes lances, saindo por um diedro muito evidente, de estrutura perfeita, uma oferta da natureza, para culminar a aventura que tínhamos vivido tão intensamente.


Bivaque em hamacas durante a abertura da "Viagem sem rumo". Memórias de uma noite suspensos sobre o Atlântico.


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2. Aéreas sensações, apocalípticas emoções


O Miguel em 2006, a iniciar o sétimo lance da nova via.


O nome da via faz justiça ao seu tamanho.
Os grandes tectos côncavos que dominam a parte inferior da parede, possuem um poder magnético muito forte e apelativo.
Alguns meses após a abertura da “Viagem sem rumo”, o Miguel Grillo e eu não resistimos à tentação destes tectos góticos: “Tínhamos de abrir por ali uma nova via!”


O Miguel Grillo no sexto lance da "Aéreas sensações, apocalípticas emoções".


Em Março de 2006, lançámos mãos à obra e, carregando uns petates eternamente incómodos, realizámos a mega travessia por debaixo da abobada, composta por quatro lances, com um curto rapel incluído, apenas para aceder à base da linha que queríamos escalar. Surpreendentemente, a escalada da grande cova revelou-se mais benigna do que a primeira vista fazia supor. A morfologia da parede conduziu-nos para a linha com mais estrutura e possibilidades. Dessa forma a transposição da abobada saldou-se com a maioria dos passos realizados em livre salvo a ultima secção de acesso ás plataformas da “Varanda”, ultrapassada em escalada artificial (realizada posteriormente em livre pelo Rui Rosado e a Ana Silva).


O Miguel no topo da falésia dos Pinheirinhos, depois de mais uma abertura feliz.


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3. A Incógnita


A Daniela sorridente a realizar os ultimos passos da "A Incógnita".


Esta é a mais recente aquisição da falésia, inaugurada em 7 de Janeiro de 2012 por mim e pela Daniela.
Das vias apresentadas, esta é a única que foi equipada desde o cimo antes da sua abertura oficial. No entanto, não é mesmo nada conveniente considerar esta via como uma desportiva. Com efeito, as plaquetes fixas existem apenas nos locais onde se torna impossível a protecção com friends ou entaladores e distam entre si alguns metros respeitáveis.
É uma via eminentemente de placa onde predomina a escalada técnica, com um quarto largo particularmente exigente.


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. As próximas três linhas combinam algumas vias do flanco esquerdo da falésia com o muro superior que se ergue desde a travessia de escapatória da “Varanda”. No fundo, trata-se de prolongar os itinerários existentes no sector inferior.



4. Flor sem rumo


A Daniela no segundo lance do dia, aquando da realização da combinação "Flor sem rumo".


Combinação entre a “Flor ao vento” e o ultimo lance da “Viagem sem rumo”.
A “Flor ao vento” foi aberta em Junho de 2006 pela Daniela Teixeira e por mim e constitui até ao momento a via de escalada mais acessível dos Pinheirinhos.


A Daniela a terminar a "Flor sem rumo".


Em Outubro de 2010, realizámos a repetição desta via. Logo, para aceder ao muro superior, abrimos um novo lance de ligação entre a “Cova das ovelhas” e o fantástico diedro final da “Viagem sem rumo”, concluindo uma linha de grandes dimensões com uma dificuldade moderada que não ultrapassa o 6a+.


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5. Humidade en rose


A Daniela a terminar o terceiro lance da "Humidade relativa".


Outra combinação possível com sabor “alpino”. Trata-se de escalar primeiro a “Humidade relativa”, no muro inferior, aberta em 9/1/2011 por mim e pela Daniela. Esta via com quatro lances, possui um primeiro largo de acesso pouco auspicioso e com evidente mau aspecto. Em contraste claro com o primeiro lance, logo temos três novas tiradas fantásticas de linha lógica. Realce para o terceiro lance algo extra-prumado que pode ser escalado em artificial ou livre, consoante as capacidades do escalador.
No escape da “Varanda”, é aconselhável voltar a calçar as sapatilhas para descer a rampa de vegetação (atenção!) até encontrar a ultima reunião no extremo da “Varanda”. Aqui existe uma corda fixa e esta reunião também serve para rapelar até ao sector “Cova da areia”.
A via “La vie en rose” parte deste ponto e será o objectivo da combinação proposta. A “La vie en rose” foi aberta em 12/2/2006 pela Daniela e por mim e alcança o topo da falésia após três lances de escalada. O ultimo largo é o de maiores dimensões e o mais bonito da via.


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6. Vêm aí as sensações


Eu durante a abertura da "Quem vêm aí?"


Combinação entre a via “Quem vem aí?” e a segunda parte da “Aéreas sensações, apocalípticas emoções”.
A “Quem vem aí?” foi escalada por mim e pela Daniela, num belo dia de Novembro de 2010, tornando-se numa das únicas vias abertas nos Pinheirinhos em que não foram utilizados quaisquer expansivos. Um detalhe deveras interessante tendo em conta que esta via supera uma sucessão de placas verticais.
Na escapatória da “Varanda” toca a calçar as sapatilhas e descer a rampa de vegetação até encontrar a reunião de dois pernes (7ª reunião da “Aéreas sensações...”) no extremo da rampa – antes da corda fixa.
Desde esse ponto são mais três lances até ao cimo da falésia. O penúltimo largo (largo agrícola) é o mais fácil mas também, o mais decomposto. A ultima tirada cruza um diedro espectacular de escalada obrigatória e constitui um dos melhores largos do género dos Pinheirinhos.


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4 Comments:

sesa said...

Estamos convencidos, é aguardar que os astros financeiros se alinhem e aceitamos o convite "Pinheirinhos".

Abreijos
AB

Daniela Teixeira said...

Será?
Esperemos que sim!!!!!!!
Cá vos aguardamos ;)

Daniela

Jesús Alejandre said...

seis grandes excusas para una nueva visita...
abrazos.

Daniela Teixeira said...

Jesús, hay que venir deprisa, son vias de Invierno ;)
Abrazos
Daniela