segunda-feira, dezembro 22, 2008

UMA.


Uma Falésia.
Uma nova via.
Uma escalada em solitário.
Uma ascensão com companhia.
Uma aventura.
Uma história.

Para breve.



Paulo Roxo

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Invernal, a incógnita.



Será que a escalada invernal na Serra da Estrela ainda tem futuro?

Esta é a grande questão agora que o Inverno está aí à porta.

Nos últimos dois anos, a nossa única montanha com condições razoáveis para a utilização dos piolets e crampons, não correspondeu aos anseios. A neve fez apenas uma aparição fugaz e o gelo nem sequer se dignou a mostrar a sua fria cara.


Paulo Alves na "Cascata encaixada"

Daniela na "cascata encaixada"


Da nossa parte (minha e da Daniela), as actividades invernais na Serra da Estrela resumiram-se a duas anoréxicas visitas mas, das quais surgiram algumas vias novas, como a “Scottish way”, a “Reino das oposições”, ou a “Anatomia da tracção”, no novíssimo sector “Powermix” que, nas devidas condições, promete vias interessantes aos níveis técnico e de dificuldade.



"Anatomia da tracção"

Miguel Grillo na "La gran polla"


Veremos como se desenvolve o clima ao longo da próxima época.

Uma coisa parece certa. As tendências actuais do clima irão concerteza condicionar o estilo da escalada na Serra da Estrela. Os períodos de frio e neve cada vez mais reduzidos deverão ser inversamente proporcionais aos níveis de imaginação necessários para a realização de ascensões invernais.


Miguel Grillo na "Goullote Laffaile"


Muito provavelmente a busca de cascatas de gelo perfeitamente formadas e corredores de neve em óptimas condições de transformação irão ser cada vez mais substituídos por escaladas técnicas em gelo fino e vias mistas de neve, rocha e... ervas!

No entanto, com um espirito livre, um pouco de prática e confiança, a escalada mista pode ser uma alternativa muito interessante e gratificante para os amantes da escalada invernal.



Sector "Loriga ice"


A seguir apresenta-se um conjunto de vias que podem servir como propostas para este Inverno, caso o sr. São Pedro se decida a enviar o frio e a precipitação adequados. Esta selecção não cobre todas as vias da serra, nem pretende ser exaustiva.

Todas as fotos apresentadas são de anos anteriores.


Escalada mista




Depois da famosa curva do cântaro, descemos a vertente da esquerda, contornando a face Oeste do Cântaro Magro, uns 10 minutos depois, estaremos em frente à goullote encaixada que constítui o primeiro lance da “Pepi te quiero”. Imediatamente à esquerda, por uns socalcos de aspecto fácil ergue-se a “Scottish way”. Á direita da goullote, subindo alguns metros temos a entrada da “No reino das oposições”.




As condições ideais para escalar a “Pepi te quiero” são aquelas em que exista gelo formado e muito frio. O gelo surge na goullote inicial, os tufos de musgo do terceiro lance congelam e uma pelicula fina de gelo cobre as placas iniciais do ultimo largo.

Para a “Scottish way” e “No reino das oposições”, as condições ideais existirão quando as nevadas projectadas pelo vento colam à rocha cobrindo de branco a face oeste do Cântaro.

O material necessário para estas vias são os friends, entaladores e uns três ou quatro pitons de rocha – sobretudo universais e V`s.

Para a “Pepi te quiero” pode ser útil algum parafuso de gelo curto.


Também com acesso através da curva do cântaro, no passado Inverno “descobrimos” um novo sector que, nas condições semelhantes ás necessárias para escalar a “Scottish way”, ou seja, com a devida “colagem” de neve gelada, possibilitam a escalada mista no seu mais puro estilo.


O sector Powermix.



Neste prometedor sector abrimos duas vias da quais se destaca a “Anatomia da tracção”, para a qual serão necessários friends e entaladores.



Escalada em gelo



Cada vez mais raro na nossa “serrinha”.

No entanto, quando o gelo faz a sua aparição, podem surgir algumas vias surpreendentes.

No planalto superior, no cimo do corredor largo, é frequente formarem-se algumas cascatas já consideradas clássicas.


Estamos a falar do sector das “Couves”.



Serão necessários uns quatro ou cinco parafusos de gelo. Para a via “Diedro de cristal”, contar com alguns friends, pois é possivel proteger em rocha.

No cimo do sector existe uma reunião equipada com plaquetes. Quando neva bastante esta instalação fica soterrada.


Sector Laffaile



Formação espectacular. Quando nas devidas condições um dos melhores sectores da Estrela. Necessários seis a sete parafusos de gelo e alguns friends para a topo.


Cascata do Inferno




A rainha da Serra da Estrela. Situada à entrada do famoso corredor do Inferno, esta pérola de uns 70 metros conta com uma curta mão cheia de ascensões.

Se alguma vez se voltar a formar nas devidas condições trata-se de um objectivo absolutamente obrigatório.

Material: uns 8 parafusos de gelo.


Cascata encaixada



O “must” do Covão do Ferro.

Situada no cimo do vale, esta cascata de frequente formação esteve escondida dos piolets durante muitos anos. Foi “descoberta” pelos Miguel grillo, “Larau” e João “Animado” há uns seis anos. Desde aí tornou-se numa das melhores ascensões congeladas da serra da Estrela.

O seu ultimo lance, muito dificil, tem uma entrada curiosa atravéz de uma estreita piscina de água, por vezes inexpugnável. Caso seja impossivel cruzar a piscina ou o nervoso miudinho actuar, resta sempre o escape pela direita da parede, através da “variante dos cobardes”, com um passo de rocha dificil de saída ou um rapel fácil num bloco, abandonando uma cinta.

Material: uns 8 parafusos de gelo.


Loriga Ice



Fabulástico sector.

No Inverno de 2005, esta grande cortina de gelo esteve ao rubro!

A sua perfeita formação possibilitou a realização de sete magnificas ascensões, únicas nas nossas terras quentes.

São estruturas muito verticais e sensiveis. É muito conveniente escalar apenas em situações de muito frio. Há dois anos assistimos à derrocada de uma das colunas quinze minutos depois de a escalar. A temperatura estava muito alta e a brincadeira podia ter-nos custado caro.

Material: uns oito a dez parafusos de gelo. Existem duas reuniões equipadas mas, por vezes estão soterradas pela neve.


Corredores



Em condições de bastante acumulação de neve e esta relativamente bem transformada, existem dois corredores incontornáveis na serra da Estrela. O ultra-clássico “Corredor Estreito” e o “Corredor da selecção”.

Para os realizar convêm levar alguns friends.




Paulo Roxo