quarta-feira, setembro 30, 2009

FALTA DE CIVISMO E CRIME NA SERRA



Durante anos aquele tecto perseguiu-me.

Desde que imaginei a linha, todos os Invernos fazia o reconhecimento obrigatório, na esperança de encontrar a via em condições para ser escalada.

Trata-se de um tecto evidente, que domina o inicio do “Corredor do Inferno”.

Em meados dos 90, nos primórdios da estranha disciplina conhecida como “Dry-tooling”, semi-equipei uma via, que prometia dar luta aos piolets e crampons. A ideia era cruzar o tecto através de uma coluna de gelo, de rarissíma formação e, continuar por uma estreita cascata congelada num diedro de musgo.

O tempo foi passando e, a via aparecia por vezes em aparentes boas condições, justamente nos dias em que nunca me encontrei disponível para a realizar.

Continuo na peugada desta ascensão Invernal.

Este tecto fugidio , acabou por sucumbir sob o pó do magnésio, em lugar dos piolets.

O Bruno Gaspar, sempre ávido buscador de emoções graníticas, não teve quaisquer dificuldades em aceitar o repto de abrir uma via nesta secção de rocha da Serra da Estrela.


O Rui Rosado e a Ana também andavam pela serra. Aqui, podemos apreciar o Rui, perdido num mar de granito, a descortinar os passos da delicada "Desportex total", um 6c equipado na Parede do Inferno.


O dia 27 de Agosto, terminou com um mergulho nas águas da Lagoa Comprida que limparam o musgo transferido pela intensa escovagem, da parede para o interior das nossas roupas.

No dia seguinte, dirigimo-nos ao nosso objectivo, agora devidamente escovado e equipado com algumas plaquetes imprescindíveis, sobretudo em reuniões.

Desde o cimo, tínhamos topado com uma linha lógica situada à direita do velho projecto de “Dry-tooling” cruzando o mesmo tecto que desafiara a minha imaginação durante tantos anos.

Escalei o primeiro largo e, ao chegar aos passos do tecto nem sequer me preocupei em verificar a sua possibilidade em livre. Isso seria a tarefa do Bruno que, em segundo de cordada tentou descortinar os passos de bloco (mantel incluído!) que culminavam na reunião.


O Bruno a aproximar-se do "crux" do primeiro largo.


No segundo lance, o Bruno fez um bom trabalho ao ultrapassar uma secção muito difícil utilizando o seu técnico repertório de pés e... mental, dada a importante componente de “run-out” no “crux” obrigatório.




Dois momentos do segundo lance da "O crime do Palaçoulo".


Ainda não rendidos e, de volta á base da parede, lançámo-nos á segunda via do dia, desta vez atacando uma linha que partilha a saída do tecto e primeira reunião com o projecto de “dry-tooling”.

A escova, essa, ficou estacionada e, apenas limpámos sumariamente os pontos específicos para colocar os pés. A ideia é manter o musgo na saída do tecto, de forma a preservar a base para a “primeira camada” de gelo que, de resto, vai sendo cada vez mais raro na nossa serra.


Eu, a caminho do grande guarda-chuva de granito.


No entanto, a via está perfeitamente comestível com o grau de limpeza actual, por isso, não existem grandes desculpas para não realizar uma futura ascensão integral em livre, que promete... grau!



O nome: “O crime do Palaçoulo”, tem a sua origem num fantástico corte profundo que o Bruno infligiu à sua própria mochila, quando tentava cortar uns velhos cordões de suporte, utilizando uma opinel Lusitana: a navalha Palaçoulo.

O nome: “Civismo zero” é uma singela homenagem ao civismo social muito natural do povinho Português.


Atenção: É possível utilizar apenas a corda simples de 60 metros para estas vias mas, é obrigatório confirmar que a corda possui efectivamente 60 metros, e não menos! O primeiro rapel desde o cimo das vias (através da “O crime do Palaçoulo”) será no limite (muito limite!) das pontas da corda.

O melhor mesmo é utilizar cordas duplas.



Paulo Roxo

segunda-feira, setembro 28, 2009

Mudança de data

2º ENCONTRO DOS ENTALADOS, DIAS 17 E 18 DE OUTUBRO NA SERRA DA ESTRELA

Tendo em conta a data das autárquicas, 11 de Outubro e a enorme vontade demonstrada por vários escaladores da praça em ir exercer o seu direito de voto, decidiram os organizadores deste encontro, de forma democrática, a mudança da sua data para os dias 17 e 18 de Outubro.

Esperamos desta forma contribuir para a manutenção dos valores da abstenção verificados nas eleições legislativas, não colaborando assim, de forma directa, para o seu aumento!

Lamentamos não termos sido informados (nem consultados!) sobre a data das autárquicas em tempo útil.

Atenciosamente
A organização

quinta-feira, setembro 24, 2009

2º ENCONTRO DOS ENTALADOS, DIAS 10 E 11 DE OUTUBRO

...lá para os "Montes Hermínios"...


Informações brevemente...acho eu!

quinta-feira, setembro 10, 2009

GASHERBRUM VI

A via escalada até ao ponto de retirada.

A nossa tentativa de escalar a face nordeste do Gasherbrum VI fracassou aos 6400 metros devido ás terriveis condições da neve encontradas bem perto da aresta.

A neve, transportada pelo vento desde a face sul converteu a saída da via numa parede vertical de farinha precária, tornando impossivel ou muito perigoso a continuação.

A desistência obrigou a descer toda a parede com o sol em pleno, realizando uma série de rapeis em "abalakovs (pontes de gelo)" ou pitons de rocha, bem como alguns destrepes assistidos.

20 horas depois, chegámos ao "campo esperança", à tenda que haviamos abandonado a meio do glaciar.



A Daniela no glaciar entre o campo base e o "campo esperança".

Paulo nas primeiras rampas da via.

Uma reunião. Um piton!

A Daniela, assegura desde uma reunião. O bom tempo previsto parece não aparecer.

Olhando o futuro!

Ao amanhecer.

O GII, desde a nossa via.

Ao amanhecer e para cima!

Lá embaixo a tenda do "campo esperança".

Continuando...


A protecção corresponde a uma tentativa de reunião. Um piton que saiu com um leve esticão!!

"Tão perto e tão longe..."

As vistas sobre o glaciar eram tremendas. O campo base fica para a direita, o campo 1 para a esquerda.

Vertigem sobre o abismo.

Os rapeis.

Ver os posts anteriores...

GLACIAR E ACLIMATAÇÃO


Baltoro Kangri, o magnifico! Note-se que o ultimo posto militar habitado permanentemente encontra-se no colo no extremo esquerdo da fotografiaaos 6000 metros de altitude.


Como no ano anterior, realizámos a aclimatação na via normal do GII. Mas, ao contrário do ano anterior desta não passámos do campo 2, aos 6500 metros.
O glaciar, desta vez revelou-se muito mais fácil que em 2008 e, na melhor das hipoteses conseguiamos subir em cinco horas os cerca de dez quilómetros de extensão para quase mil metros de desnivel que nos separavam do campo base. Em contraste com os tempos de Ueli Steck que subia aquilo em três horas!

A Daniela no glaciar.

A caminho do campo 1.


Duas figuras dirigem-se lentamente para o campo 1.


O alemão Dirk. Um bom alpinista e, acima de tudo, um bom ser humano. Ganhámos um bom amigo.

O GI domina.

Campo 1 (6000 m). Note-se o aspecto das vertentes que caem do Esporão dos franceses, na foto por cima das tendas.


A mini tenda no campo 1. O GVI atrás.

Luzes.

Avalaaannche!!!

Durante a aclimatação a caminho do campo 2.


O campo 2 aos 6500 metros.


Mmmm... parece funda!


O adeus ao glaciar!!

Ver a mensagem anterior.

CAMPO BASE E SITUAÇÕES


O campo base na moreia.

Devido ao mau tempo que assolou o Karakorum este ano, passámos demasiado tempo no campo base. O suficiente para conhecer algumas pessoas que valem a pena e outras que... nem tanto!
Também visitámos o campo militar mais próximo e os seus... artefactos!


O maravilhoso Chogolisa

Brincadeiras glaciares...

... para passar o tempo.

Um artefacto (!), oferta dos militares paquistaneses, mesmo ao lado do campo base.

Outro artefacto, na base da face sul do GVI. Testemunho de uma tragédia aquando de uma tentativa francesa ao virgem GVI.


O Baltoro Kangri domina o campo base.

...

Ver o post anterior.

sexta-feira, setembro 04, 2009

BALTORO

Chogolisa.

S
ó para chegar ao campo base dos Gasherbrums são sete dias a andar por um terreno sinuoso e dificil. As vistas, são no entanto espectaculares. Estamos no mundo das grandes montanhas e tudo em redor tem uma escala enorme.
Para descer reduzimos o percurso para três dias, o que provocou a fadiga total de todas as articulações e mais algumas.

Á saída no aeroporto de Lisboa com os amigos.


Em Londres, a preparar-nos para um bivaque extremo entre voos.
Camião tipico a caminho de Skardu.


A Daniela em Skardu disfarçada a rigor. A colchoneta gigante melhorou bastante a nossa estadia no campo base.


Uma das incriveis pontes entre Skardu e Askoli.


Outra ponte mas, de dificil travessia para jipes. O primeiro dia da aproximação.


Descanso risonho no primeiro dia.


A primeira montanha espectacular da aproximação.


Exército de carregadores a caminho das montanhas. Coincidimos com várias equipas que se dirigiam para os Gasherbrums e Broad Peak.


Uma bela parede de neve.


Mau tempo na região do Trango.



Confusão de carregadores num dos campos da aproximação.


Carregadores no glaciar.


As grandes paredes estão por ali. "Um dia..."


Amanhecer gelado com vistas para o GIV.


O famoso Trango e as Catedrais.


Nameless tour. Palco de várias aventuras bigwallicas!


Sorridente!


Mesmo com neve, a marcha continua.


O frio da noite obrigou a dar guarida ao Yak. Yep! A garantia alimentar de toda a gente.


Mustagh Tower... sem comentários.


Carregador com o Masherbrum por trás.


O inconfundivel K2.


Gasherbrum VI. Continua virgem!


Cadeirinhas e chá a meio de um inóspito glaciar.


No final da expedição tivemos direito a cavalinhos.


O glaciar.


Chogolisa, sempre fotogénico.



O nosso assistente de cozinha, contente por retornar a casa.



O adeus de uma simpática equipa espanhola.

Ver a mensagem anterior.