sexta-feira, dezembro 24, 2010

quinta-feira, dezembro 23, 2010

THE ALPINE HIMALAYAS

THE ALPINE HIMALAYAS


"The American Alpine Journal", constitui uma edição de renome, publicada todos os anos, que se dedica a registar vias novas abertas em todo o mundo, sobretudo nas grandes cordilheiras.

"The Himalayan Journal" é também uma publicação anual que reporta as actividades ocorridas na cordilheira dos Himalaias, em território Indiano.

A nossa ultima expedição mereceu referência em ambas as publicações.
É bastante gratificante e constitui um grande incentivo ver as actividades que acarinhamos e pelas quais lutamos, serem reconhecidas pela imprensa internacional da especialidade.







segunda-feira, dezembro 13, 2010

DOS -15º AOS + 5º, VÃO 20 GRAUS!

DOS -15º AOS + 5º, VÃO 20 GRAUS!



De novo, aquela época do ano de escaladas efémeras. A estação das vias mágicas que, um dia estão lá e, no outro, já não existem. Itinerários que surgem com o descer das temperaturas e desaparecem quando o mercúrio volta a subir. Por vezes, o estar e o não estar, são dois mundos apenas divididos por escassas horas. Uma metamorfose apenas concebivel no universo fantástico das cascatas de gelo.

Uma reunião típica.


Depois de uma fugaz passagem pelos Pirinéus onde a neve cobriu tudo, tornando as aproximações impossíveis, resolvemos rumar um pouco mais para leste, terminando num dos maciços mais belos da Europa. O maciço dos Ecrins.

O Monte Viso, já em Itália.


Também nos Alpes o manto branco fez das suas e, qualquer incursão em terreno de alta-montanha seria o equivalente a uma tentativa elaborada de suicídio. O risco de avalanche encontrava-se a 1000, numa escala de 1 para 5.

No entanto, num horizonte invisível pela neve que caía incessante, sorria uma alternativa muito interessante, de resto, responsável pelos muito quilómetros calcorreados em estradas francesas. Essa alternativa tinha um nome. Esse nome era: Escalada em gelo.

"Buga pró gelo!"


A adicionar ainda mais um ponto à motivação, ali estava um outro detalhe muito atraente: cascatas de gelo muito grandes a escassos minutos de caminhada desde o estacionamento mais próximo.

Os 16 graus negativos indicados pelo termómetro garantiam a estabilidade do elemento. Garantiam também uma neve profunda de transformação impossível pois, esta depende da oscilação das temperaturas. Detalhes que, a bem da verdade, pouco nos importavam. É que a “Les formes du chaos”, em Ceillac, estava mesmo ali, a 15 minutos de “arrastadeira”.

"Les formes du chaos". Aos -16 graus.


“Que sorte!” A primeira actividade invernal da temporada tinha “uma pinta” de se lhe tirar o chapéu. Um funil azul de água parada no tempo. Gotas aprisionadas pela inclemência do frio. Trezentos metros de gotas prisioneiras!

"Buga pró gelo!"


Mas, não existem rosas sem espinhos. Estamos em França e não no paraíso das “vias lógicas abandonadas” de Portugal. Uma cordada acaba também por entrar na “nossa” cascata. Apesar de simpáticos, os dois “française parlants”, ignoram as prioridades e, em breve, temos as cordas cruzadas. Decidimos esperar que se afastem um pouco. Por sorte estamos bem agasalhados e as reuniões são muito cómodas, compostas por plataformas amplas e pouco expostas ao gelo que cae, desprendido pelas estocadas dos ilustres desconhecidos glaciaristas.

O segundo lance da "Les formes du chaos" e os piolos estacionados.

Terceiro largo, para desfrutar.


As esperas nas reuniões foram aproveitadas para rejuvenescer o corpo ao sabor de uns goles de café, mantido quente na garrafa térmica e, para apreciar a beleza surrealista na qual estávamos entranhados.

Quarto largo.


Os piolets deixaram de funcionar aos 200 metros de escalada. Uma película demasiado fina deixava ver a água que corria a jorros por debaixo da cascata. Era como vidro frágil de uma janela que, despedaçada, conduziria a um desfecho muito perigoso.

Hora de baixar.

Tinha sido um dia divertido.

David Falt é um escalador sueco que assentou bases nos Alpes. Conhecemo-lo num local improvável, muito mais longínquo da nossa terra natal que a França. Trata-se de um tipo de humor mordaz, de frases directas e irónicas e com uma atracção quase paranóica pelo “light and fast”. A sua aversão pelas grandes caminhadas de aproximação é enfaticamente colorida pelo próprio. O que não deixa de ser um paradoxo considerando que conhecemos David no campo base dos Gasherbrums, no Karakorum, que fica a sete dias a pé, por um dos terrenos mais escabrosos do planeta. David fazia parte de um grupo, que tinha tanto de divertido como de peculiar e, que tentava abrir uma via nova no Gasherbrum III.

No topo da cascata, com David Falt.


A convite de David, partilhámos as “pioladas” numa das cascatas mais clássicas de “La Grave”. A “Caturgeas”, têm uns 600 metros e encontra-se a uma distância do estacionamento que chega a tardar uns perturbadores três minutos a ultrapassar!

Gelo para todos os gostos!


É no entanto, uma cascata fácil, que nas devidas condições permite uma escalada tranquila e cadenciada. Trata-se também de uma cascata bastante frequentada pelos guias e as instalações fixas, nas rochas marginais, são ridiculamente numerosas.

Cascata para curtir.

O encadeado ininterrupto de gelo termina a quase 400 metros de escalada. Outros 200 metros de corredor fácil separam-nos do topo da parede. Mas, o carro está lá embaixo, por isso, descemos em rapel.

Dois dias depois, as temperaturas sobem em flecha. Dos quinze graus negativos, passamos, para os cinco graus positivos. São vinte graus de diferença, de um dia para o outro. Com essas amplitudes, o mundo transformou-se e o gelo estatelou-se sobre o seu próprio peso. A metamorfose voltou a ocorrer e as gotas de água, outrora paradas no tempo, voltaram à vida e retomaram o seu curso, por vezes de uma forma violenta e espectacular. Acabámos por testemunhar o colapso da mega “Les formes du chaos ”, que tínhamos escalado apenas há dois dias.


"Les formes du chaos". + 5 graus. O colapso!


Antes de abandonar os Alpes, como ultimo recurso e, no primeiro dia de realmente bom tempo da semana, virámo-nos para uma pequena montanha da região, quase esquecida pelos locais, certamente obscurecida pelo grandes picos mais famosos da área.

Pic de Château Renard. Queriaaamooos abrir via!


Seguindo a linha dos nossos vícios lusos, resolvemos tentar a nossa sorte numa abertura de via. A aproximação curta, de apenas uma hora, seduzia e, metemo-nos a caminho, com uns esquis nos pés e uma atitude confiante.

A aproximação, com uns mini-skis.


A neve, perfeitamente horrível, impediu uma entrada séria na parede e, a decisão de descer foi rápida e indolor. Não havia nada a fazer.

A Daniela a iniciar e, pouco depois... o fim!


A tentativa, gorada neste ponto. A neve... horripilante!


Mais dolorida, foi decerto a nossa tentativa de esquiar a vertente que acabáramos de subir. Seguiu-se portanto, um memorável épico de trambolhões e figuras tristes que, felizmente, pensamos não terem sido testemunhadas.


A Daniela a optar inteligentemente nem sequer tentar esquiar, excepto no final da vertente.


Bem... pelo menos tentei!


Paulo Roxo

terça-feira, novembro 30, 2010

QUASE... QUASE... QUASE...

QUASE... QUASE... QUASE...

"Aí vêm o esparguete!!"


Novas vias nos Pinheirinhos, abertas em boa companhia. O relato e topos, logo a seguir a um pequeno périplo invernal - do qual também esperamos trazer novidades.

Entretanto, cremos que vale a pena reservar 25 minutos para ver este registo extraordinário, que bem poderia ter sido filmado na nossa "serrinha", a Estrela. Não somos apoiados pela marca mas, este é um video que inspira, tendo em mente o Inverno que se avizinha.

Paulo Roxo

segunda-feira, novembro 15, 2010

Palestra ESPÍRITO LIVRE

Palestra ESPÍRITO LIVRE

Pois é, dia 23 de Novembro, pelas 21:00, vamos estar na loja Bivaque em Lisboa, para contar as nossas aventuras, desta vez nos Himalaias da India, na cordilheira de Garhwal.
Desta vez andamos por vales esquecidos pelo alpinismo e pelo caminho, abrimos as nossas primeiras vias nos Himalaias e escalamos uma montanha virgem!

Ekdant, 6100m, segunda ascensão por uma via nova
Kartik, 5115m, primeira ascensão

A palestra é livre, mas os lugares são limitados, por isso o melhor é confirmar presença com um mail para bivaque@bivaque.com

A localização do local, pode ser vista aqui http://www.bivaque.com/localizacao.htm

Aparece!!

terça-feira, novembro 09, 2010

UMA FLOR DE INVERNO

UMA FLOR DE INVERNO

O "Dentinho do gatinho" no final da aproximação.

Alguns dias atrás, escalámos uma linha na Serra da Arrábida, na espectacular falésia dos Pinheirinhos.

A magnifica!

Desta vez não se trata de uma via nova mas sim, de um encadeamento aproveitando secções de vias já existentes, nomeadamente, da “Flor ao vento” e da “Viagem sem rumo”. Apenas foi aberto um curto lance fácil, que parte da “Cova das Ovelhas”, que serviu como o elo de ligação entre as referidas vias.


Dois momentos da Daniela no segundo lance.


A “Flor ao vento”, foi aberta pela Daniela Teixeira e por mim em Junho de 2006. A “Viagem sem rumo”, foi a segunda via traçada nos Pinheirinhos e foi aberta em dois dias de Novembro de 2005, pelo Miguel Grillo, na minha companhia.

A primeira reunião... "à bomba"!

Ao encadeamento de vias aqui descrito chamámos “Flor sem rumo”.

Esta ideia surgiu como uma possibilidade que permite escalar toda a longitude da parede dos Pinheirinhos, através de um recorrido com uma dificuldade moderada.

No terceiro lance.

Inevitavelmente, ocorreu-nos que a “Flor sem rumo” poderia figurar como uma excelente proposta de Inverno para algumas almas mais aventureiras a quem lhes falta experimentar o calcário destas falésias ou ainda para aqueles que desejem desfrutar de um dia memorável de escalada extratosférica. Seja como for e, partindo do principio que a nossa será uma opinião suspeita, a escalada desta linha vale a pena.

Camalot artistico.

No final da jornada está praticamente garantida a satisfação de se ter realizado uma verdadeira aventura alpina, tendo como pano de fundo um horizonte infinito que só o Atlântico pode proporcionar.

Horizonte infinito... demasiado concorrido!

Fica então a proposta.


FLOR SEM RUMO

220 m, 6a/6a+

Rocha: Calcário, com algumas secções onde teremos de ter cuidado e realizar os devidos testes de solidez. O capacete é imprescindível.

Material: Cordas duplas de 50 ou 60 metros, micro-friends e friends até ao camalot 4 (útil), repetindo os tamanhos médios, entaladores, 8 ou 9 expresses deverão ser suficientes, frontal e claro está, o capacete!

Estratégia: Para evitar ter de voltar à base da via, optámos por levar tudo connosco até ao topo. Realizámos a aproximação, desde o carro, com o arnés metido na cintura (sem as alças das pernas metidas), o material distribuído e as cordas ás costas com o método “alpinista”.

Temos optimizados duas pequenas bolsas que transportamos no arnés, cada uma com a capacidade para um litro de água, frontal e algo para comer.

As sapatilhas foram transportadas suspensas num mosquetão ao arnés, bem como um forro polar fino.

No principio, este sistema atrapalha um pouco. Após o primeiro lance, com a mente metida na escalada, já nos esquecemos do incómodo.

Contas feitas, compensa bastante relativamente a levar mochilas.

As mochilas são a segunda opção o que constitui a modalidade mais normal.

Acesso: Estacionada a viatura junto ás vivendas da aldeia dos Pinheirinhos, encontrar a placa do parque natural, de informação de flora e fauna locais (junto à ultima casa da esquerda, relativamente à estrada principal dos Pinheirinhos). Desde este ponto parte um estradão que segue uma linha perfeitamente perpendicular relativamente à linha de costa. Continuar pelo mesmo estradão, agora íngreme e, muito abaixo, exactamente no ponto em que a inclinação aumenta bastante, abandonar o caminho tomando um trilho estreito à esquerda. Este trilho desemboca no estradão principal (paralelo à linha de costa) que devemos cruzar, tomando um novo trilho estreito mas bem marcado que desce suavemente, paralelo à costa. As vistas são soberbas.

Algum tempo depois passaremos por baixo da Parede Amarela, caracterizada pelos grandes extra-prumos superiores. Continuamos até avistar a pequena torre isolada junto ao mar, conhecida como “Dentinho do gatinho” (vias equipadas). Evidente, até à base da parede dos Pinheirinhos. 45 minutos.



Descrição:

L1: IV+/V. 15m. Com a maré vazia a entrada mais fácil será a inferior, em travessia com presas francas, após uns 10 metros tomar a linha vertical e evidente até ao grande nicho da reunião.

Com a maré cheia, tomar a travessia superior mais longa (uns 20m.) por baixo de uns tectos e um pouco mais difícil.

L2: V. 30m. Na vertical até à plataforma, ou descer a pequena rampa relativamente à reunião (opção marcada no topo) e tomar um diedro vertical até à plataforma referida. Daí, iniciar a longa travessia horizontal (algumas cordeletas fixas em pontes de rocha) até à reunião equipada, situada exactamente no final da secção fácil da travessia.

L3: V+. 40m. Escalada fácil em diagonal para a esquerda até encontrar o grande diedro que se escala até ao seu final. Uma plaquete na reunião.

L4: 6a+. 45m. Travessia para a esquerda até encontrar uma fissura subtil vertical entrecortada (uma cordeleta em ponte de rocha marca o inicio da fissura). Escalar na vertical até encontrar o diedro evidente. Um passo difícil de acesso ao diedro (piton fixo). Continuar pelo diedro e montar a reunião após uns blocos instáveis, que se ultrapassam pela direita. Reunião desequipada. Será útil reservar um camalot nº 1 e camalot nº 2 para equipar a reunião.

L5: V. 15m. Ultrapassar a ultima parte do diedro. Uma plaquete na reunião.

Aqui termina a “Flor ao vento”. Desde aqui é possível o escape fácil através do “Trilho da Varanda”.

Aceder facilmente à base da “Cova das ovelhas” (vias desportivas equipadas no grande extra-prumo branco).

No extremo inferior da cova iniciamos o sexto largo da “Flor sem rumo”.

L6: V. 20m. Travessia fácil para a direita ao longo de uns 10 metros, logo após um passo delicado vertical, tomar uma linha em ligeira diagonal para a direita até encontrar a reunião equipada na base do grande diedro final, correspondente ao ultimo largo da “Viagem sem rumo”.

L7: 6a. 55m. Escalar o diedro até encontrar o grande bloco que se divide em duas fissuras. Tomar a fissura da esquerda (cordeleta fixa em ponte de rocha) e retomar a linha principal do diedro. A meio do lance, tomar o flanco esquerdo do diedro que aqui se transforma numa espécie de canal e após uma curta travessia para a direita (cordeleta em ponte de rocha) retomar a linha principal. No final, bordear pela direita por baixo de um pequeno tecto até encontrar a reunião no topo da falésia (várias cordeletas em pontes de rocha).

Descida/Retirada: É possível rapelar até à base da falésia, através das duas ultimas reuniões (prever cordeletas para abandonar) e logo utilizando as reuniões equipadas da “Pilar desencantado”.

No entanto, a opção mais cómoda, elegante e segura, consiste em sair pelo cimo.

Desde o cimo da via, descer ao longo do topo da falésia para leste, na direcção de um antigo marco geodésico colocado num colo (!). Chegados perto do referido marco, tomar um trilho estreito que se afasta da falésia e após algumas dezenas de metros, torce para a esquerda e começa a subir, desta vez, para oeste. 45 minutos.

O trilho alarga, transformando-se num estradão, no ponto onde avistamos as pedreiras. Seguir o estradão que se dirige para as pedreiras e logo torce para a esquerda, junto à vedação. Continuar sempre pelo caminho largo até à aldeia dos Pinheirinhos.


Mais informações aqui.


Paulo Roxo

domingo, outubro 31, 2010

EXPEDIÇÃO ESPÍRITO LIVRE 2010

EXPEDIÇÃO ESPÍRITO LIVRE 2010

Brevemente numa palestra... perto de ti!

EXPEDIÇÃO ESPÍRITO LIVRE 2010 - O trailer

EXPEDIÇÃO ESPÍRITO LIVRE 2010 - O trailer

Brevemente numa palestra... perto de si!


segunda-feira, outubro 25, 2010

OS ULTIMOS DIAS... OU TALVEZ NÃO.

OS ULTIMOS DIAS... OU TALVEZ NÃO.

Actividade realizada em 16 e 17 de Outubro.

Escudo negro.

Com as temperaturas a cair para os três graus positivos, começa-se a sentir a primeira lufada dos ventos de Inverno e com eles a esperança de uma boa temporada de neve e gelo.

Três graus!

De gorro metido na cabeça a Daniela abandona o carro na curva do Cântaro e destrepa o habitual acesso ao colo, entre a estrada e o Cântaro Magro. Eu sigo atrás, absorto em pensamentos invernais, motivados pelos valores indicados no termómetro do carro.

“Serão estes os últimos dias do ano de escalada em rocha na Serra da Estrela?”


"Gear for fear!"


Apesar do frio, o dia está brilhante.

O céu limpo e de um azul intenso, o granito seco, a tranquilidade reinante, são factores que conspiram para nos inspirar.

O nosso propósito é a soleada face sul do Cântaro.

Ao longo do dia vamos partilhando os largos da fabulosa “Érika”.

A aderência é excelente e mal levamos as mãos ao saco de magnésio.




Mar de granito do primeiro largo e a bonita saída para a reunião.


Ao longo de todo o dia não vemos vivalma. Apenas o murmúrio de algumas vozes longínquas se deixam ouvir, vindas lá de baixo do Covão D`Ametade.

O céu... azul.


O segundo lance, mais dificil e igualmente espectacular.


Estamos sós e penso na nossa situação. É uma sorte poder escalar vias desta qualidade sem a presença de várias cordadas nas imediações ou mesmo, na própria via. É todo um luxo que ainda podemos desfrutar em muitos locais deste pequeno país (em crise!) à beira mar plantado.


O inicio do terceiro lance.


Por um lado não deixamos de divulgar as actividades, os topos, de partilhar as aventuras vividas e com isso, quiçá, motivar alguns a viver as suas próprias aventuras.

No fundo, estamos a contribuir para que mais gente visite estes locais. Por outro lado, prezamos imenso a paz de estar sós, de poder escalar uma parede sem ouvir o tilintar do material de outros escaladores.

O quarto lance.



Duas fotos do quinto largo. Um lance com o seu truque psicológico.


Estes sentimentos mistos, farão para sempre parte de um paradoxo insolúvel.

O som... do silêncio.

Saboreamos o momento.

Sexto largo.


Ultimo lance mais sinuoso para terminar.


E saboreamos umas “sandochas” no cimo do Cântaro com as vistas largas que este belo cume modesto tem para oferecer.

Gredos, sem neve... ao longe.

A ultima reunião da Érika.


No dia seguinte, a temperatura desceu um pouco mais e o vento resolveu também ele intrometer-se. No entanto, mantivemo-nos fiéis ao plano.

A ideia era abrir uma variante ao ultimo lance da novíssima “Helena”, também na face sul do Cântaro, claro, a face do sol.

Desta acedemos através da curiosa escada de granito da “via Normal”, que permite também alcançar a base dos dois últimos largos da “Helena”.

O nosso primeiro lance corresponde ao sétimo da via que, uma vez mais, não defraudou. Trata-se de um 6b de antologia naturalmente desprovido de musgo, que precede um “off-width” técnico final.

O sétimo largo da Helena. O primeiro do nosso dia.


A intenção era abrir uma prometedora fissura de entalamentos de mãos que corta em diagonal para a esquerda. A nova variante revelou-se um osso duro de roer que escalámos no mais puro estilo livre, já se sabe... livre de preconceitos! Entre alguns passos de A0 lá se foram conquistando os metros que nos separavam do topo e o resultado final foi a abertura da “Fissura do vento”, que constitui uma variante de saída da “Helena”, mais dura que a original.


Um osso duro de roer.


O osso quase roído.


Deixámos a serra com a saborosa sensação de espirito enriquecido.

“Serão estes os ultimos dias do ano de escalada em rocha na Serra da Estrela?”



Croquis da via Érika aqui.

Croquis da via Helena aqui. E aqui.

A propósito, o Francisco Ataíde e o Miquel "Bau-bau", realizaram a Helena integralmente em livre. A sua proposta de graus são como se segue: 6c, V+, IV+, 6a+, 6c+, III, 6c+ (dois ultimos lances realizados num só).


Paulo Roxo