terça-feira, novembro 09, 2010

UMA FLOR DE INVERNO

UMA FLOR DE INVERNO

O "Dentinho do gatinho" no final da aproximação.

Alguns dias atrás, escalámos uma linha na Serra da Arrábida, na espectacular falésia dos Pinheirinhos.

A magnifica!

Desta vez não se trata de uma via nova mas sim, de um encadeamento aproveitando secções de vias já existentes, nomeadamente, da “Flor ao vento” e da “Viagem sem rumo”. Apenas foi aberto um curto lance fácil, que parte da “Cova das Ovelhas”, que serviu como o elo de ligação entre as referidas vias.


Dois momentos da Daniela no segundo lance.


A “Flor ao vento”, foi aberta pela Daniela Teixeira e por mim em Junho de 2006. A “Viagem sem rumo”, foi a segunda via traçada nos Pinheirinhos e foi aberta em dois dias de Novembro de 2005, pelo Miguel Grillo, na minha companhia.

A primeira reunião... "à bomba"!

Ao encadeamento de vias aqui descrito chamámos “Flor sem rumo”.

Esta ideia surgiu como uma possibilidade que permite escalar toda a longitude da parede dos Pinheirinhos, através de um recorrido com uma dificuldade moderada.

No terceiro lance.

Inevitavelmente, ocorreu-nos que a “Flor sem rumo” poderia figurar como uma excelente proposta de Inverno para algumas almas mais aventureiras a quem lhes falta experimentar o calcário destas falésias ou ainda para aqueles que desejem desfrutar de um dia memorável de escalada extratosférica. Seja como for e, partindo do principio que a nossa será uma opinião suspeita, a escalada desta linha vale a pena.

Camalot artistico.

No final da jornada está praticamente garantida a satisfação de se ter realizado uma verdadeira aventura alpina, tendo como pano de fundo um horizonte infinito que só o Atlântico pode proporcionar.

Horizonte infinito... demasiado concorrido!

Fica então a proposta.


FLOR SEM RUMO

220 m, 6a/6a+

Rocha: Calcário, com algumas secções onde teremos de ter cuidado e realizar os devidos testes de solidez. O capacete é imprescindível.

Material: Cordas duplas de 50 ou 60 metros, micro-friends e friends até ao camalot 4 (útil), repetindo os tamanhos médios, entaladores, 8 ou 9 expresses deverão ser suficientes, frontal e claro está, o capacete!

Estratégia: Para evitar ter de voltar à base da via, optámos por levar tudo connosco até ao topo. Realizámos a aproximação, desde o carro, com o arnés metido na cintura (sem as alças das pernas metidas), o material distribuído e as cordas ás costas com o método “alpinista”.

Temos optimizados duas pequenas bolsas que transportamos no arnés, cada uma com a capacidade para um litro de água, frontal e algo para comer.

As sapatilhas foram transportadas suspensas num mosquetão ao arnés, bem como um forro polar fino.

No principio, este sistema atrapalha um pouco. Após o primeiro lance, com a mente metida na escalada, já nos esquecemos do incómodo.

Contas feitas, compensa bastante relativamente a levar mochilas.

As mochilas são a segunda opção o que constitui a modalidade mais normal.

Acesso: Estacionada a viatura junto ás vivendas da aldeia dos Pinheirinhos, encontrar a placa do parque natural, de informação de flora e fauna locais (junto à ultima casa da esquerda, relativamente à estrada principal dos Pinheirinhos). Desde este ponto parte um estradão que segue uma linha perfeitamente perpendicular relativamente à linha de costa. Continuar pelo mesmo estradão, agora íngreme e, muito abaixo, exactamente no ponto em que a inclinação aumenta bastante, abandonar o caminho tomando um trilho estreito à esquerda. Este trilho desemboca no estradão principal (paralelo à linha de costa) que devemos cruzar, tomando um novo trilho estreito mas bem marcado que desce suavemente, paralelo à costa. As vistas são soberbas.

Algum tempo depois passaremos por baixo da Parede Amarela, caracterizada pelos grandes extra-prumos superiores. Continuamos até avistar a pequena torre isolada junto ao mar, conhecida como “Dentinho do gatinho” (vias equipadas). Evidente, até à base da parede dos Pinheirinhos. 45 minutos.



Descrição:

L1: IV+/V. 15m. Com a maré vazia a entrada mais fácil será a inferior, em travessia com presas francas, após uns 10 metros tomar a linha vertical e evidente até ao grande nicho da reunião.

Com a maré cheia, tomar a travessia superior mais longa (uns 20m.) por baixo de uns tectos e um pouco mais difícil.

L2: V. 30m. Na vertical até à plataforma, ou descer a pequena rampa relativamente à reunião (opção marcada no topo) e tomar um diedro vertical até à plataforma referida. Daí, iniciar a longa travessia horizontal (algumas cordeletas fixas em pontes de rocha) até à reunião equipada, situada exactamente no final da secção fácil da travessia.

L3: V+. 40m. Escalada fácil em diagonal para a esquerda até encontrar o grande diedro que se escala até ao seu final. Uma plaquete na reunião.

L4: 6a+. 45m. Travessia para a esquerda até encontrar uma fissura subtil vertical entrecortada (uma cordeleta em ponte de rocha marca o inicio da fissura). Escalar na vertical até encontrar o diedro evidente. Um passo difícil de acesso ao diedro (piton fixo). Continuar pelo diedro e montar a reunião após uns blocos instáveis, que se ultrapassam pela direita. Reunião desequipada. Será útil reservar um camalot nº 1 e camalot nº 2 para equipar a reunião.

L5: V. 15m. Ultrapassar a ultima parte do diedro. Uma plaquete na reunião.

Aqui termina a “Flor ao vento”. Desde aqui é possível o escape fácil através do “Trilho da Varanda”.

Aceder facilmente à base da “Cova das ovelhas” (vias desportivas equipadas no grande extra-prumo branco).

No extremo inferior da cova iniciamos o sexto largo da “Flor sem rumo”.

L6: V. 20m. Travessia fácil para a direita ao longo de uns 10 metros, logo após um passo delicado vertical, tomar uma linha em ligeira diagonal para a direita até encontrar a reunião equipada na base do grande diedro final, correspondente ao ultimo largo da “Viagem sem rumo”.

L7: 6a. 55m. Escalar o diedro até encontrar o grande bloco que se divide em duas fissuras. Tomar a fissura da esquerda (cordeleta fixa em ponte de rocha) e retomar a linha principal do diedro. A meio do lance, tomar o flanco esquerdo do diedro que aqui se transforma numa espécie de canal e após uma curta travessia para a direita (cordeleta em ponte de rocha) retomar a linha principal. No final, bordear pela direita por baixo de um pequeno tecto até encontrar a reunião no topo da falésia (várias cordeletas em pontes de rocha).

Descida/Retirada: É possível rapelar até à base da falésia, através das duas ultimas reuniões (prever cordeletas para abandonar) e logo utilizando as reuniões equipadas da “Pilar desencantado”.

No entanto, a opção mais cómoda, elegante e segura, consiste em sair pelo cimo.

Desde o cimo da via, descer ao longo do topo da falésia para leste, na direcção de um antigo marco geodésico colocado num colo (!). Chegados perto do referido marco, tomar um trilho estreito que se afasta da falésia e após algumas dezenas de metros, torce para a esquerda e começa a subir, desta vez, para oeste. 45 minutos.

O trilho alarga, transformando-se num estradão, no ponto onde avistamos as pedreiras. Seguir o estradão que se dirige para as pedreiras e logo torce para a esquerda, junto à vedação. Continuar sempre pelo caminho largo até à aldeia dos Pinheirinhos.


Mais informações aqui.


Paulo Roxo

1 Comment:

Animado e Spagurja said...

Esse sólinho dá cá uma inveja !!!
Abraço
Animado