quinta-feira, outubro 25, 2007

Barragem de Santa Luzia.
Pequena apresentação e nova via.




Miguel Grillo na "Um mundo de cunhas" (6c).

Um enorme manto de silvas impede o acesso à via.

“Outra vez?” - exclamações - “será que não nos livramos dos épicos?”

Já não visitamos a Barragem de Santa Luzia há quanto tempo? Meses? Um ano?

Bem, nesse período de tempo esquecido, parece que a vegetação cresceu bastante. Especialmente as malditas silvas.

Não é que a coisa fosse impossível de atravessar mas, como iríamos descer pelo mesmo caminho (após os “rapeis”), optámos por contornar o desagradável obstáculo.


O espirituoso acesso ás paredes!

Acedemos ao topo da parede do Falcão. Os três “rapeis” equipados, colocaram-nos na base da via pretendida e, estrategicamente, acima das silvas “não pretendidas”.

Cerca de 145 metros, quatro lances e umas horas depois, voltámos a emergir no topo do magnifico muro de quartzito.

No passado dia 20, nasceu assim mais uma via, com o sugestivo nome: “A psicologia da penugem”, aberta unicamente com friends e entaladores. Nenhum material fixo.




A Daniela Teixeira no primeiro largo da "A psicologia da penugem" .


A escalada na Barragem de Santa Luzia não se caracteriza pela abundância de plaquetes. De facto, estas existem apenas em duas ou três reuniões e em instalações para rapel. Como seria de esperar existem excepções à regra, como a “Via Pimentel”, na Parede da “Flexura”, cujos dois últimos lances se encontram integralmente equipados. Diria até, sobre-equipados. Não interpretem mal as minhas palavras. A via é excelente. Sobretudo o belíssimo diedro do segundo lance. Outra via com algumas chapas intermédias é a “Fissura dos Mclouds”, no mesmo sector. De qualquer modo, são linhas de dificuldade elevada, que cruzam placas bastante verticais ou ligeiramente extra-prumadas.


Bruno Gaspar a encadear a super "Fissura dos Mclouds" (7b).


Quanto ao resto das vias, disseminadas por cinco sectores, a norma geral consiste na utilização de friends e entaladores, inclusive em reuniões.

As fissuras são francas e abundantes, permitindo a protecção segura e constante com material móvel.

A Daniela e eu na abertura da excelente "O canto do Cuco" (6a+). Fissuras "a la carte"!

Em principio, os pitons não são necessários. De qualquer modo podem dar um jeitinho, para reduzir algum nível de taquicardia. O problema é que o uso de pitons está sempre associado ao uso do martelo… e este pesa que nem um corno!

Salvo poucas vias cujas entradas já necessitam de uma limpeza (estilo Indiana Jones, com catana!), sobretudo na parede do Falcão, a grande maioria encontra-se perfeitamente comestível.

Seguindo um lugar comum, convêm referir que este é um terreno de aventura. Por isso, existem alguns cuidados evidentes, como testar os blocos mais suspeitos e o uso do eternamente aconselhado, capacete.

Outro factor a ter em conta é a época de nidificação, sobretudo do Falcão Peregrino. A partir de Janeiro e até Agosto é conveniente evitar escalar na parede do Falcão, para que os passarinhos possam estar tranquilos.

Até ao momento existem 26 vias abertas e alguns projectos.

No futuro… bem, esse ainda está para vir.

Mas, em breve mais novidades ...

Paulo Roxo


Mais fotos:

Miguel na "Canto do Cuco".



O Bruno no segundo lance da "O pilar da comunidade" (6c+).




Daniela a inaugurar a "Blood runner" (6a+).



O Miguel (de primeiro), o Ricardo Rodrigues "Pisco" e o Paulo Gorjão...


... a disfrutar, na "A profecia do lagarto" (6b+).


A Daniela a abrir a "Puzzle de pedras" (6a).




Moi meme na "Aventuras hidroelectricas" (6b+).



Onde estão os Walli`s? ...



... ali estão! A "Dura conjuntura". Um sétimo (muitos) onde entalar as mãos é regra!



O ambiente "arqueológico-industrial" de Santa Luzia.



Daniela na "Diedro da Flexura" (6a).



A Daniela na mesma via e no mesmo dia.



Eu na incansável "Canto do Cuco".

7 Comments:

sesa said...

Agora sim, não restam dúvidas, temos que visitar santa lúzia. Ambiente aperta esfincter. Abraço.

Anónimo said...

Bem, oh Bidente Zezá que conversa é essa do esfincter...ah estou a ver, se depender de ti a zona vai ficar um pouco suja;)

Paulo, excelente report! parabéns aos "aberturistas" pelas magníficas vias
permitam-me uma breve descrição: material a canhão...plaquetes quanto baste!

Abraço a todos
Bruno Gaspar

sesa said...

Ó Boi da Beira da Figueira, antes pelo contrário. Com o aperto nem uma ervilha passa, não há perigo algum.

Parabéns aos "podres de duros" pelas excelentes vias que abrem nos sítios mais inóspitos e por mostrarem um Portugal cheio de "fresh flesh".
Abraço

Isabel said...

Está aqui um belo post, com texto à maneira e excelentes fotos! Sem dúvida merece uma visita! Tanta fissurinha :)

ljma said...

Que maravilha!

Animado e Spagurja said...

Óra o que tenho andado a perder, muito bom!!!!!!! A ver se não falto à proxima chamada!!!!

Já agora os Stpesapeida ficaram a saber pelos nossos magnificos informadores (os pastores, claro), que foram vistos a aproximar-se das paredes transmontanas, com grandes petates às costas, dois indivíduos do sexo masculino, feios como a morte, mal cheirosos, de óculos, escanzelados, e com ar de não ter contacto com o sexo oposto à larga temporada. Portanto estamos à espera de novidades, urgente.

Anónimo said...

Pois claro que tens andado a perder as magnificas escaladas de St. Luzia! Mas, ainda vais a tempo de recuperar o tempo perdido, ó marreta!

Quanto aos feiosos mal cheirosos, foram vistos em paredes transmontanas sim senhor... mas na parte de trás-os-montes em que se fala o Castellano. Parece que há um rio pelo meio... mas é segredo... até que se ponha aqui no bloguinho da malta!

Abraço.

Paulo Roxo