Serra da Estrela Report. Geeelo!
(Complementar a info com o post: “Invernal, a incógnita”).
O carro marcava os dez graus negativos.
No entanto, amanheceu claro e brilhante o que indicava um dia frio mas, de céu limpo... nada mais longe da realidade!
A estrada até à Torre estava cortada e a Daniela e eu conseguimos uma boleia de um camião limpa-neves que nos deixou no cimo da serra, completamente envoltos por densas nuvens empurradas por um vento Himalaico.

Paradoxos!
Descemos através do Corredor largo para verificar a zona da “Cascata das couves”. Conforme as ultimas informações estas encontravam-se formadas e em óptimas condições.
O vento acalmou um pouco permitindo a escalada da “Dama oculta: 3”, localizada uma trintena de metros abaixo do conjunto das Couves. Esta cascata é de rara formação e trata-se de um bonito exemplar aconselhável. Rapel em “abalakovs” e continuamos a descer a rampa de neve.

Abalakovs
Uns trezentos metros mais abaixo encontrámos formada a “Cavalo de gelo: 4” e, a “Canalito: 4” mais acima, adivinhava-se no meio da densa neblina.
Imediatamente à direita da “Cavalo de gelo” erguia-se uma “chapa” de gelo que trepava uma placa lisa de granito. Há alguns anos que andava a namorar esta linha. Mas, a sua formação rara nunca permitiu uma escalada “à frente”. Desta, resolvemos tentar.
A primeira parte muito precária, de gelo fino, foi realizada com muita atenção (e um parafuso muito curto!), para dar lugar a gelo um pouco mais espesso que se deixava proteger com algum parafuso mais confiável.

Inicio da "Brr! Brr!"
Uma cordeleta em “abalakov” no topo da cascata e estava inaugurada a “Brr! Brr!: 5+”. Para a realizar é necessário possuir uns dois ou três parafusos curtos e estar preparado para “alondrar” alguma que outra protecção. Encontrámos o gelo em perfeitas condições.

"Brr! Brr!"
Dirigimo-nos à zona do Corredor do Inferno para dar uma vista de olhos à “Cascata do Inferno”. Esta estava completamente formada mas, parecia fina para uma ascensão de primeiro.
Bastante à esquerda e mais abaixo do corredor, existia uma pequena coluna em perfeitas condições que se deixou subir. Esta é uma pequena cascata que já tinha tido a oportunidade de escalar num ano anterior. Como proposta de nome sugerimos “Burrinho de gelo: 3+”. Para descer voltámos a recorrer ao “abalakov”.
No dia seguinte, resolvemos escalar uma via que desde há muito tempo não via formada. Trata-se da “Goullote dos curiosos: 3/4”, no cimo do Covão do ferro. Esta linha fantástica de uns 45 metros, percorre uma estreita chaminé e forma-se quando não existe uma acumulação excessiva de neve.

"Goullote dos curiosos"
As suas dificuldades máximas estão localizadas no final, num troço vertical que se pode evitar contornando. De resto, o grau ameno e a sua curiosa localização torna esta via num objectivo interessante.


Duas tomas da Daniela na saída da "Goullote dos curiosos"
Na “Cascata encaixada” encontrámos um primeiro lance excelente e um pouco mais técnico que o habitual (nos anos anteriores).

Primeiro lance da "Cascata encaixada"
O ultimo largo tinha uma grande acumulação de neve transformada na sua base mas, para aceder ao gelo era necessário realizar um destrepe e entrar por estruturas delicadas. Optámos por não escalar este lance e sair pela “Variante dos cobardes”. No entanto, a via encontrava-se “escalável” na sua totalidade, como o comprovaram o Rui Rosado e a Ana Silva que duas horas antes a tinham realizado na integra.

O Rui e a Ana realizaram também a primeira ascensão de uma cascata de formação muito rara localizada no cimo do Covão Cimeiro e por baixo do Cântaro Gordo. A linha chama-se “Nabice no país das maravilhas”, tem uns 25 metros e possui uma curta secção vertical que lhe confere a dificuldade máxima.
Neste passado fim-de-semana a Serra da Estrela acolheu várias outras cordadas que se distribuiram pela “Curva do Cantaro”, sector das “Couves” e até no sector “Loriga ice” que apresentava algumas linhas formadas como a “Gran polla” e a “Pepe Botika, honrado traficante”, realizada “à frente” pelo Paulo Alves.
Também os corredores como o “Estreito” no Covão do ferro apresentavam excelentes condições devido à neve perfeitamente transformada.
Resta dizer que este Inverno parece começar bem. Vejamos como continuará!
Paulo Roxo
0 Comments:
Post a Comment