segunda-feira, março 22, 2010

TALVEZ O ULTIMO...

TALVEZ O ULTIMO...



Irreconhecível!”


Foi a expressão que me ocorreu ao ver o estado em que se encontrava a “cascata das couves”. A neve puxada a vento, tinha coberto todo o sector e o tão esperado gelo azul desaparecera sob um lençol branco vertical. O próprio “Corredor largo” encontrava-se mais inclinado que o habitual.

Descemos com cuidado a vertente de neve, transformada em betão, pelo vento frio e o parco Sol da semana anterior.

Com o Timoteo, reconhecíamos o terreno para o curso invernal planeado para os dois dias seguintes.

Como é obvio, o plano de reconhecimento incluía também escalar qualquer coisa que se interpusesse no caminho.

Mais abaixo, mesmo à esquerda do “Corredor do cavalo” (este situado à esquerda da cascata “Cavalo de gelo”) surgiu uma interessante “placagem” de neve gelada sobre uma pequena parede de granito. A coisa parecia empinada e precária... “Vamos?”



Gelo precário na primeira via do dia.



Um piton de rocha e dois parafusos de gelo curtos, instalados a modos de “conforto psicológico”, resolveram a via, relativamente fácil e divertida.


Timoteo a divertir-se em neve gelada quase vertical.


O nome proposto para esta linha de rarissima formação, surgiu um dia depois, durante o curso de alpinismo e durante as práticas de auto-detenção, rapidamente apelidadas pelo animado grupo de Seia, de “Auto-Detonação”.



Depois de abrir a “Auto-Detonação”, algo nos conduziu ao sector do “Corredor do inferno”.

Por ali, várias linhas abertas há vários anos, provavelmente sem repetições, resolveram dar o ar de sua graça, para jubilo dos piolets de qualquer um, disposto a aventurar-se no seu gelo.



Dentro do corredor do Inferno, a reconhecer terreno.


Vias como a “Prozac”, aberta pelo Nuno (Larau) e o Miguel Grillo e a “Fumarola”, aberta por mim e pelo Miguel Loureiro, ambas entre 1998 e 2000, voltaram a surgir com óptimo aspecto mas, infelizmente sem ninguém para aproveitar as suas efémeras aparições. Com o nosso tempo limitado, também nós resolvemos “passar” estas belas linhas mas, de todos modos, não deixámos escapar uma via de estatuto emblemático: a “Cascata do inferno”.


Timoteo no primeiro largo da "Cascata do inferno".


Com o Rui Rosado, há umas semanas, terminámos a via pela cascata da esquerda. Desta feita, a formação conduzia-nos pela direita, o que surpreendeu pela precariedade pouco habitual da saída, em neve vertical e pouco consolidada.


No segundo lance da "Cascata do inferno".










A "Prozac", de novo formada

A descida em rapel proporcionou a colocação das cordas em top num eterno projecto de dry-tooling (equipado há uns 12 anos), que sempre rondou os meus neurónios. Trata-se do tecto pronunciado localizado imediatamente há direita da “Cascata do inferno”. No entanto, o meu treino actualmente desadequado não permitiu sequer tocar de raspão a possibilidade de uma escalada em livre. Em suma... é a frouxidão!

Já para o fim do dia, ainda desfrutámos da “Adrenalina”, no sector da “Curva do cântaro”. Desta vez a via encontrou-se em condições agradavelmente difíceis, mais ou menos como foi aberta em 1999. Esta pequena maravilha aceitou um alien vermelho, no local perfeito para proteger o passo crucial de transição entre o “cachão” de gelo inicial e os passos precários de gelo fino.


Na "Adrenalina".





Embora não tenhamos aproveitado ao máximo o que a serra tinha para oferecer, terminámos o dia com a sensação de satisfação.

A estrada conduzia-nos a Seia e o termómetro marcava os sete negativos.

O Timoteo tinha um autocarro para apanhar e eu...


Algumas fotos do Curso de alpinismo/escalada em gelo, vêm a seguir...



Paulo Roxo

1 Comment:

Rui Rosado said...

Pois é! Pró ano há mais!
Este ficará certamente recordado como o Grande Inverno de 2010! Em que todas as chorreiras pingaram água e todas as cascatas se congelaram por este Portugal fora! Venha agora uma granda Primavera e um melhor Verão!!!!
Rosado