HIMALAIAS DOS PINHEIRINHOS
O dia amanheceu cinzento. As nuvens ainda pingavam confirmando o que os boletins meteorológicos apelidavam de “Aguaceiros blábláblá…”
Enquanto engolíamos o pequeno-almoço uma dúvida silenciosa navegava na minha massa cinzenta “será o dia certo para abrir uma via nos Pinheirinhos?”
O entusiasmo do Paulo não desaparecia, nem com o intenso grau de humidade do ar! “Vamos tomar um café para ver como o tempo evolui” dizia.
Após o café, iniciamos a aproximação por debaixo de um espesso, cinzento e muuuitooo ameaçador manto de nuvens. Com os gore-tex’s nas mochilas chegamos à base da via ainda pouco convencidos que a íamos terminar…ou melhor, eu, pouco convencida, o Paulo, após enfiado o primeiro friend, já não mais se lembrou dos aguaceiros. As cordeletas coloridas (algo inestéticas!) nas diversas pontes de rocha, mostravam bem a linha a seguir. “O primeiro largo é rápido, como já o abri em solitário já o conheço. Vou tentar força-lo em livre”. Foi assim que iniciamos a abertura de mais uma via na bela falésia dos Pinheirinhos.
Foi um “rápido” um pouco lento, a mostrar que aquele largo que cruza parte de uma bela abobada (conhecida entre os assíduos da parede por “cova da areia”) não é assim tão fácil. Os estribos, entraram em acção lá para o final do largo...quando o Paulo o escalou. Para mim…entraram em acção mais cedo!
Nas horas que passamos entretidos com aquele largo, as nuvens ameaçadoras, resolveram ir chover noutro lado qualquer. Na primeira reunião tínhamos já a certeza que os gore-texs’s não representavam nada a não ser…peso. Ainda assim, não fomos acolhidos pelo sol.
A via resolveu encaminhar-se sempre em largo sombrios.
Da primeira reunião até ao topo da falésia, o terreno encontrava-se por desbravar.
Ali mesmo ao lado, a Shisha Pangma trazia boas recordações de uma bela escalada num dia de Inverno.
Os três largos seguintes para além de mais sinuosos, mostraram-se bastante mais fáceis, mais “clássicos” e…com menos cordeletas (ainda existe uma, que marca bem a terceira reunião).
Em jeito de tributo a um amigo, Ivan Vallejo, e à sua recentíssima, dura e persistente escalada do Annapurna, ainda com o frio da sombra da via a roer-nos os ossos, resolvemos chamar a esta nova e belíssima linha “À sombra do Annapurna”. Considerando que está num sector algo himalaico da parede (bem perto da Shisha Pangma e do Diedro Makalu), o nome não nos pareceu desadequado!
Daniela Teixeira
Inicio do primeiro lance. Rocha da boa e possibilidade de forçar em livre na integra.
Ainda no primeiro lance
O terceiro largo.
Na saída do terceiro largo. Por cima de um mar perfeito num dia em que se viam os peixes.
O ultimo lance.
A saída do ultimo lance.
8 Comments:
mais uma da elite dos aperturistas portugueses
ALTAMENTE,um dia destes o abismo
vai fazer uma visita á famosa falesia dos pinheirinhos.
munidos das respectivas fraldas,claro!
abraço
Não é preciso trazer fraldas... bastam os friends!
Abraço
Paulo Roxo
Eu acreditaria mais nas fraldas...
lol
Vcs são muito á frente...
Parabéns!
e vcs a abrir vias no já consideredo parque natural....
Ao senhor cobardolas anónimo:
LEIA O MEU TEXTINHO NO POST SOBRE A EIGER WALL.
Paulo Roxo
ó palhaço qualquer dia ainda ficas sem corda. Mas isso se fosse a ti, olhava bem para cima...ou para baixo, o tempo todo...ainda cais e podes partir um dedo...
Antes sem corda do que sem neurónios, como demonstra estar o sr. cobardola anónimo.
Para confirmar o seu caracter, agora passou a fazer ameaças violentas!...como não podia deixar de ser, na base da "facada pelas costas".
Seguramente que não será a primeira vez que lhe aconselharão a consultar um psicologo ou psiquiatra.
Se for atempadamente, o tratamento pode ainda ser possivel! Vá-se tratar! É urgente que o faça!
Daniela
Olha... uma ameaça!
Uiiiii! Já estou cheio de meeedo...
Paulo Roxo
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