terça-feira, dezembro 29, 2009

Do outro lado do Atlântico, pondera-se sobre uma questão que também por cá já se falou...

OVERBOLTING = AUTO-Top-Rope

Com esta reflexão, desejamos a todos um excelente 2010!!!

quarta-feira, dezembro 23, 2009

A pandilha do RPPD deseja a todos um excelente Natal, carregado de calorias sem remorsos.



E que 2010 traga muita rocha e muito gelo de boa qualidade!...e claro, muito tempo para escalar :)

segunda-feira, dezembro 21, 2009

O TEMPO CONGELOU!


O Inverno chegou oficialmente hoje, mas no meu sentir, o tempo congelou por todo o fim-de-semana.

Este ultimo, foi o fim-de-semana oficial das jantaradas de Natal, que de certa forma fazem também congelar alguma coisa, mais que não seja o cérebro, que forçosamente pára pela pujança dos taninos dos tintos, que tão bem escorregam pela noite e tanto se fazem sentir pela manhã.

Mas este texto não pretende abordar aprofundadamente o que congelou dentro de mim, mas falar um pouco da...ABERTURA DA ÉPOCA BALNEAR!!!!



Hohoho, where is the snow?!

Durante a ultima semana, dia após dia consultamos o site do Snow-forecast, onde buscámos informações sobre a meteo na nossa grande colina, a Serra da Estrela.

Sorriamos sempre que víamos um “-“ atrás de um número qualquer. Enquanto isso, uma gotinha de água queria percorrer o seu caminho na tentativa de chegar ao vale de Manteigas e daí seguir o seu caminho em direcção ao Atlântico distante.

Chegado o fim-de-semana, após o primeiro jantar de congelar o cérebro, o Sábado foi invadido de um sopro de frio seco, apanhando alguns de surpresa...pelo menos foi o que pareceu no segundo jantar de congelar o cérebro, em que expressão “hoje não dava para escalar, estava tanto frio...” foi proferida em diversas alturas e por diferentes bocas. Enquanto uns tentavam escalar, a gotinha do riacho na serra endurecia. Esforçava-se por descer de cota, ziguezagueando entre outras gotinhas que já se tinham deixado congelar. Enquanto o seu corpo endurecia, dirigia-se com pressa a uma das estalactites de gelo, na esperança de cair para o degrau seguinte da cascata que começava a ganhar forma.

Caiu a noite e o tempo congelou. Enquanto nós nos aquecíamos com o calor dos amigos...e dos taninos no jantar de Natal da “Irmandade da Topalhada”, a gotinha perdia forças e via o seu destino cada vez mais longe no tempo. O seu corpo outrora líquido e flexível, estava agora a cada segundo, mais rijo e cristalino. As temperaturas desciam, o Inverno parecia querer entrar com dois dias de antecedência e os termómetros no sopé da serra marcavam já -7. O céu cobriu-se de estrelas, exibindo aquele brilho que só se vê em noites frias.




Quando o sol voltou a espreitar, o Inverno não o deixou aquecer a terra e insistiu em manter as temperaturas negativas. Por essa altura já a gotinha tinha hibernado, fazia parte de uma pequena cascata de 20m abrigada do sol, a “Cascata das Couves”.

Algures pelo princípio da tarde (o mais cedo que conseguimos perante as sequelas induzidas pelos jantares), com a mochila cheia da parafernália necessária para a escalada em gelo, começamos a andar em direcção ao “Corredor Largo”, onde por vezes se formam algumas cascatas de gelo. Os crampons não abandonaram as mochilas até estarmos perante duas pequenas cascatas que já se encontravam formadas, a “Cascata das Couves” e a “Couve Pequena”. A serra estava seca, sem neve, mas o frio deixava-nos os narizes vermelhos e a pingar.



Com a vontade que os jantares deixaram sobrar e com o desejo de escrever aqui no blog “JÁ ABRIU A ÉPOCA BALNEAR”, equipámo-nos a rigor e envolvidos pelo frio deixámos que os nossos piolets percorressem a água que o tempo congelou.

Fizemos primeiro a “Couve Pequena”, que com cerca de 15m se encontrava fina e bastante mais técnica do que é normal, mas suficiente para colocar algumas protecções à frente. O Paulo liderou, picou delicadamente e inaugurou o gelo.



Eu fui logo depois, e piquei muito mais para chegar ao topo! Um misto entre a ferrugem, alguma dor de cabeça e um par de piolets mal afiados dificultou-me a tarefa.



Passamos depois à “Cascata das Couves”. Cerca de 20m com ressaltos iniciais fáceis, onde trocamos olhares com a gotinha congelada, terminando numa saída técnica e delicada, com passagem de um confortável cacho de gelo para uma canaleta fina, através de uma abertura que pouco a pouco me comia o cérebro...é que os meus piolets insistiam em partir o escasso gelo e teimavam em não firmar-se naquela massa translúcida!



Após algumas tentativas, lá consegui fixar-me na canaleta e terminar a cascata saindo com a ajuda preciosa do musgo serrano, recorrendo à técnica que já é sobejamente conhecida como “Erva-tracção”.





E assim, este Domingo “ABRIU A ÉPOCA BALNEAR!”


Daniela Teixeira


P.S. Viam-se também em estágio de formação rápida a "Cascata Encaixada" e a "Goullote dos Curiosos". Ambas com aspecto técnico mas, "escaláveis à frente".

A cascata da "Curva do Cântaro" também estava "fazível".

Muito possivelmente, também no sector "Loriga Ice" também já seja possivel escalar algo.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Ó CLIENTEEE... É BARATOO, BARATINHOO!!


Como está de chuva, as actividades estão em maré baixa. No entanto, algumas novidades dentro em breve...


No campo cibernáutico criámos um novo blog.

Não é um espaço com historias de aventuras ou de emoções mas, de uma forma indirecta pode ajudar ás mesmas.

Trata-se de uma pequena “feira” de material usado... por nós.

Por diversas razões, que explicaremos, estamos a “despachar” algum material de montanha e escalada.


Por isso criámos o blog:


FEIRA DA MONTANHA


Uma espécie de Feira da Ladra da montanha.


Consultem:


afeiradamontanha.blogspot.com


Paulo Roxo

terça-feira, dezembro 15, 2009

Foi no Sábado passado, dia 12 de Dezembro
Marcha de Protesto contra a portaria 1245/09

Por volta da dez da manhã, após encontro no Arco da Porta Nova em Braga, realizou-se a acção de protesto contra a portaria 1245/2009 que, na prática, obriga ao pagamento de uma taxa avultada (valor minimo de 200 euros), SÓ para se obter um parecer ao pedido de autorização para a realização de uma qualquer actividade que se deseje levar a cabo nos parques naturais deste país.

A lei serve para TODOS: empresas, clubes ou particulares.

Apesar da aplicação dessa lei ter sido revogada por um periodo de 90 dias, o Ministério do Ambiente afirma que a portaria é para rever mas as taxas são para manter?!

Como é evidente, trata-se de um absurdo sem precedentes!

Trata-se, no fundo, da privacidade de uma liberdade simples e clara, a de livre circulação nos territórios nacionais.

A manifestação teve uma participação de cerca de 150 pessoas, na sua maioria, pertencentes a clubes ou individuais.

Mas, poderiam ter sido muitos mais.

Foi com muita pena que notámos a fraca presença de escaladores nesta iniciativa.

De parabéns estão os organizadores deste protesto, os bloguistas dos Carris, Bordejar e Alma de Montanhista.

Parabéns e continuem a acreditar no sonho!

Paulo Roxo e Daniela Teixeira


sexta-feira, dezembro 11, 2009

DIA INTERNACIONAL DAS MONTANHAS


"Mountains are cathedrals: grand and pure, the houses of my religion. I go to them as humans go to worship...From their lofty summits, I view my past, dream of the future, and with unusual acuity I am allowed to experience the present moment. My strength renewed, my vision cleared, IN THE MOUNTAINS I CELEBRATE CREATION. ON EACH JOURNEY, I AM REBORN."
Anatoli Boukreev

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Marcha silênciosa em protesto contra a injustiça da Portaria 1245/2009 dia 12 de Dezembro pelas 9h30 em Braga.

Para sublinhar o desagrado, os participantes na marcha deverão, se possível, trajar roupas pretas ou então colocar uma fita preta no seu bastão.
O blogue http://carris-geres.blogspot.com/ - CARRIS com a participação do BORDEJAR. COM http://bordejar.com/ e http://www.almademontanhista.blogspot.com/ - ALMA DE MONTANHISTA estão a organizar uma marcha silenciosa de protesto contra a Portaria 1245/2009 que terá lugar em Braga no dia 12 de Dezembro de 2009. A concentração será feita junto do Arco da Porta Nova pelas 9h30. A marcha deverá ter início pelas 10h00 e irá percorrer a Rua D. Diogo de Sousa, a Rua do Souto, Largo Barão de S. Martinho e irá terminar na Avenida Central.
A este protesto, junta-se a FPME, que no sentido de estar presente e reforçar a "Marcha silenciosa" agendada em Braga, adia a marcha "As Montanhas também são nossas" (que estava agendada para o mesmo dia).
Desta forma a FPME, convida os seus associados a juntarem-se a este protesto, porque

"AS MONTANHAS TAMBÉM SÃO NOSSAS"

Nós do blog Rocha Podre e Pedra Dura também vamos lá estar e apelamos a todos os que passarem por aqui a comparecerem.
Este é um momento em que é absolutamente necessário união, se queremos continuar a praticar as nossas actividades em liberdade.

quarta-feira, novembro 18, 2009

A PAREDE AMARELA

Na Parede Amarela, nos Pinheirinhos, equipei em Maio passado, duas novas vias com uns 55 metros.

Entretando, interpôs-se a expedição deste ano e posteriormente o calor do fim do Verão.

Agora, alguns meses depois, lá fomos (a Daniela e eu) estrear as “novas” linhas.


No primeiro lance da "Terrortáctil".


Estão situadas no flanco direito da parede e constituem as primeiras vias integralmente equipadas do sector que, promete mais coisas, a equipar a seu tempo.

Para a realização destas vias são necessárias uma doze expresses e o capacete é muito importante, pois a limpeza foi realizada de uma forma sumária.

Cuidados com a rocha, sobretudo no primeiro lance da “Terrortáctil”.


No segundo lance da "Gotinha indecisa"


A descida em rapel das duas vias, com uma corda de 60 metros, realiza-se pelas reuniões da “Terrortáctil”.

Atenção, porque será necessário passar expresses para dirigir a corda na direcção da reunião.

Esta é uma parede de Inverno e uma fornalha no Verão.


Paulo Roxo




Um agradecimento à D´Maker e Faders pelas protecções.

segunda-feira, novembro 02, 2009

A DANÇA DOS ESTORNINHOS. PRIMEIRA REPETIÇÃO





No dia 3, do passado mês de Outubro, o Rui Rosado e a Ana Silva, repetiram a "Dança dos Estorninhos", no Douro Internacional. A via foi realizada em oito horas e o Rui Rosado encadeou o primeiro lance, cotado de 7a.

Mais uma vez, a escalada foi realizada fora da época de nidificação de aves e, da forma mais respeitosa possivel, de acordo com a tranquilidade do lugar.

O que se segue é o relato, pela pena de Rui Rosado. As fotos são de Ana Silva e Rui Rosado.


A fauna local.


A DANÇA DOS ESTORNINHOS


Em 2007 havia estado no Douro, um fim de semana, com a Ana para tentar repetir a Terra de Ninguém. Devido à falta de tempo para realizar a viagem de ida e regresso, fazer a aproximação e escalar a via, abandonámos a Terra de Ninguém no terceiro largo. Desistir é sempre amargo, mas analisando os nossos erros, podemos sempre tentar melhorar. E foi com esse espirito que rapelámos, olhando para cima para os restantes largos que não havíamos provado - Havemos de Voltar!


O personagem a descansar.

E infelizmente dois anos passaram num piscar de olhos e demos por nós já em 2009 com o tempo a correr demasiado depressa entre as nossas mãos! Era tempo de voltar! O que nos fez levar o mês de Setembro todo a sonhar com o regresso à dita via, mas como o calor ainda era muito, aguardámos pelo fim-de-semana prolongado de Outubro. Na véspera da partida, com os mantimentos já comprados e a lista de material já definida na mente, cai o Carmo e a Trindade porque o tempo previa piorar a meio do fim-de-semana. O plano tinha ido literalmente por água a baixo. Fustigando-me com o Camalot nº4 contra a cabeça para a aplacar a raiva que me consumia, comecei à procura de alternativas.

Surgiu o plano de tentar a Dança dos Estorninhos, mas esquecendo essa cena do bigwall e ir numa de ascensão no dia, nonstop até se acabarem as pilhas da tikka ou a pele nos dedos. Uns quantos telefonemas para o Roxo a pedir opinião e o plano parecia concretizável. "Pois pá, se começarem bem cedo deve dar!" Mais uns quantos telefonemas para acertar o tema do material necessário para escalar a via e estávamos a caminho do Douro.

Pelo caminho ainda me ligou o Bruno Gaspar a dar um flash completo e detalhado da via largo por largo rematando algo do estilo: "Apanhaste-me de surpresa e eu não estou a ver o croqui de momento, mas é mais ou menos isto!" e eu a pensar que não me lembrava dos passos da ultima via que escalei e, o Bruno aqui a puxar pelos miolos para nos ajudar a tentar lembrar-se de uma via de à 2 anos atrás. E assim foi, com a energia positiva do Bruno, do Roxo e da Galp lá fomos Portugal acima em direcção ao Douro.

Indo leves descemos a Floresta do Bornéu numa hora, o mesmo será dizer, enquanto o diabo esfrega um olho. Da última vez andámos muito à procura do caminho e desta vez sabíamos já que direcções tomar! Estávamos motivados!


A Ana na floresta do Bornéu.


Na base da parede, detectámos o mais elementar erro que um abridor de vias não pode cometer se pretende mesmo que a sua via seja repetida, não existia nenhuma pedra colada com o nome da respectiva e a cotação (ou decotação, em Portugal é costume acontecer).

Ana -"É melhor despachares-te!"

Rui- "É só mais um minuto, para ter a certeza que é mesmo aqui!"

É que no croqui dizia L1 Diedro Estético. E o conceito de estética varia muito de pessoa para pessoa quanto mais de escalador para escalador. E então, o que ao Roxo pode parecer apelativamente estético, a mim por vezes arrepia-me a espinha até ao arnês! E eu tentava avaliar se a estética daquele diedro que se me deparava em frente, seria a mesma a que se referia o croqui. Parecia ser, apertados os pés de gato, conferidos os friends e magnesiadas as mãos, era hora de começar.


O "diedro estético" (7a).


E pronto, eram 09.00h quando começámos o primeiro largo e 17.20H quando a Ana se juntou a mim na última reunião do oitavo largo. Não vos maço com os pormenores da via porque (é claro), quero-vos dar a hipótese de ir “à vista”. Para além de que, a descrição da abertura da via, por si só, diz tudo.


O terceiro lance, ainda mais "estético"!


No entanto, ressalvo que para além de se saber escalar é preciso também saber trepar, para bom entendedor meio punhado de terra e erva de uma daquelas fissuras, basta!

A escalada é maravilhosa e surpreendente por vezes em presas tipo ampulheta. Sim, ficas mesmo surpreendido quando metes o pé num socalco de terra existente na fissura e qual ampulheta a terra começa a desagregar-se e a escorrer, sabes que tens entre 10 a 30 segundos para encontrar uma boa presa de mão tipo reglete de mão cheia (piada) ou para escavar freneticamente a fissura, na esperança de conseguires enfiar um friend a canhão e, seguir para cima ou pelo menos entalar as mãos (mesmo que doa muito), antes que essa presa de pé desapareça.


Atrás do "Homem do circo", mais de 300 metros de vazio!


Agora sério, parabéns ao Roxo e ao Bruno pela abertura desta linha, de certeza que se divertiram bem mais do que eu, porque neste tipo de empreendimentos, numa repetição não se conseguem viver os mesmos momentos que se passaram na abertura. A escalada, a dúvida, o risco, a incerteza, as decisões, no fundo, a conquista (e claro os palavrões), não serão nunca os mesmos. Agradeço-vos do fundo do coração (e do resto do corpinho todo) todas as marteladas que tiveram de dar ao longo de 3 extenuantes dias para colocar todos aquelas reuniões, plaquetes e buris ao longo da via que nos permitiram fluir parede acima.


Rosado


Fuga (sem petates gigantes!)



Ficha técnica:

A Dança dos Estorninhos -Picon de La Carroçera - Douro Internacional

310 mts 6c/A1 Bruno Gaspar e Paulo Roxo 1-4 Novembro 2008

A via tem oito largos e foi repetida em 8 horas(09:00h-1700h) no dia 3 Outubro 2009.

Convém um nível mínimo de 6b em via desequipada e bastante habito em escalada arificial (até A1),bem como um cordada eficiente e rápido para tentar a via no dia.

Passar uma noite na parede e sair no segundo dia penso que também é uma experiência inolvidável.






Para os seguintes repetidores:


No L3 foram deixados 2 pitons no final do diedro antes da placa burilada (tecto). No L7 foi deixado outro piton (na fenda entre a vegetação).

Material aconselhado:

Conjunto de friends repetido até ao nº 2, um nº 3, dois nºs 4, incluir microfriends.

1 conjunto Nuts (incluindo micro nuts).

1 estribo pax (se forem num singlepush, senão, um par por pax).

2 pitons (universais pequenos, se forem habilidosos a colocar micronuts, os pitons são desnecessários)

a restante quinquilharia do costume.


Época aconselhável:


De Setembro a Principios de Dezembro.

Escalar sempre fora da época de nidificação de aves.



quinta-feira, outubro 29, 2009

FEDERAÇÕES E O FUTURO DA ESCALADA


Uma federação, como qualquer instituição, deve estar preparada para receber criticas e, deve ter o estofo necessário para contestar as criticas sem argumentos de contra-ataque ou respostas evasivas do tipo: “Fazemos o que podemos”, sob o risco de perder a sua credibilidade.

Com os ultimos textos, resolvemos expor aquilo que, DE FACTO, se passou durante a organização do encontro na Serra da Estrela.

O dinheiro, neste caso particular, é na verdade um tema irrelevante.

A F.P.M.E. mostrou-se disponível para apoiar o encontro ao nível dos pedidos de autorização.

Ao não dar o seguimento devido ao processo –através de simples telefonemas ou mails, pedindo as autorizações por escrito- a federação demonstrou um amadorismo relevante.

Ao ignorar a realização de um encontro, que envolveu 80 pessoas (num terreno de auto-protecção) – bastava a presença de alguém da federação no local ou, um simples telefonema a perguntar: “Que tal, está tudo bem? Podemos ajudar em algo?”- a FPME revelou um enorme desinteresse relativamente á actividade.

Ao abandonar a organização à sua sorte, quando se soube da proibição de ultima hora (devido a uma falha da própria federação) – bastava ter aparecido uma pessoa da federação para dar a cara e assumir a sua responsabilidade no assunto- a FPME revelou uma grande irresponsabilidade.

Estas acções, que a federação deveria ter tomado e nunca assumiu, não se desculpam com a falta de dinheiro. Os seus custos envolviam quantias irrisórias. Tão somente meia dúzia de telefonemas e, no máximo, um deposito de gasolina gasto numa deslocação à Serra da Estrela.

Portanto, estes factos, levam a crer que existe uma enorme falta de atenção por parte da FPME a actividades que se realizem fora do âmbito das competições na resina.


No entanto, isto não é nenhum manifesto contra a FPME.

Antes da criação da FPME a federação de campismo (FCMP) nunca fez/nem faz nada realmente importante em prol da comunidade.


O que me leva a entrar noutro campo, muito mais sério e que vai muito além de um pontual encontro de escalada ignorado.


Há mais de 30 anos que andamos a brincar ás federações, o que resultou numa total falta de representatividade junto dos orgãos governamentais.

A falta de representantes das federações colocaram a escalada e o alpinismo num posicionamento muitissimo negativo.

O regulamento para as áreas protegidas, publicado pelo ministério do ambiente, em Diário da Republica, considera contra-ordenação ambiental MUITO grave “a prática de alpinismo, escalada ou montanhismo”, em conjunto com “o depósito ou lançamento de águas residuais e industriais”, “A destruição ou delapidação de bens culturais inventariados...”, “...o abate de espécies animais sujeitas a medidas de protecção”, entre outras actividades bem mais perniciosas e com um impacto abissalmente superiores.

No mesmo documento, constituem contra-ordenações ambientais LEVES “A pratica de campismo ou caravanismo...”, “O abandono, depósito ou vazamento de resíduos sólidos urbanos fora dos locais para tal destinados” (!!!!).

O que equivale a dizer que: a prática da escalada, alpinismo ou montanhismo (que sempre julgámos serem actividades de natureza) são consideradas acções bem mais graves que a invasão de trilhos por auto-caravanas ou mesmo despejar um monte de merda de todo o tipo, serra abaixo!!!

Este posicionamento absurdo no caderno do ministério do ambiente só acontece porque nunca existiu nenhuma voz (vinda de representantes de federações) que tentasse explicar as actividades que praticamos. Nunca ninguém (de direito) disse: “Esperem, não é bem assim! A escalada funciona desta forma. É uma actividade praticada por pessoas que gostam da natureza. Respeitamos as épocas de nidificação, respeitamos os trilhos, etc, etc”.

Neste momento, as proibições estão aí e, dependem única e simplesmente de uma assinatura de um qualquer engravatado menos esclarecido, num qualquer escritório de cidade.

Já existem vários locais onde a escalada é uma actividade proscrita e a aplicação real da proibição apenas depende de uma fiscalização mais cerrada.

As federações que se prezam, têm o DEVER (e com isto implico as duas federações existentes neste país), perante os seus associados e comunidade geral, de tentar travar ou inverter este processo.

Entre outras coisas, cabe ás federações fazerem-se representar (ou pelo menos tentar) junto das entidades, discutir e defender os interesses dos praticantes das actividades que dizem tutelar.

Caso contrário, não deveriam ser consideradas mais do que meros clubes ou associações a juntar à lista dos já existentes.

O que escrevemos serve um pouco para ajudar a malta reflectir sobre o futuro da escalada em Portugal.

Era muito positivo que mais opiniões viessem ao de cima.


Uma sugestão para a FPME: a organização de um encontro, tipo palestra, com convidados e inter-activo com o publico, para discutir publicamente estes assuntos.


Paulo Roxo


quarta-feira, outubro 28, 2009

(DES)ENCONTRO DOS ENTALADOS

Explicação sobre o sucedido


Já há bastante tempo que pensávamos organizar uma actividade na Serra da Estrela, pelas suas excelentes condições para escalar, com vias de alta qualidade num soberbo granito. Algures no final de Setembro, resolvemos avançar com a ideia e realizar o 2º Encontro dos Entalados, no Cântaro Magro e paredes adjacentes.

Falamos com algumas pessoas e a receptividade à organização do encontro foi bastante boa. Assim, decidimos pôr mãos à obra.

Falamos com os “Abismados” Sérgio e Natália, a ver se nos davam uma ajuda na realização dos topo-guias e a resposta foi muito positiva. Foram eles, à custa de coisa nenhuma (não ganharam um tostão pelo trabalho que fizeram), que fizeram o design e impressão do topo-guia.

Falamos à D’Maker (representante das marcas Edelweiss e Lasportiva) e obtivemos de imediato um “sim” em relação ao apoio que lhe pedimos para a actividade. De imediato, a D’Maker se prontificou a tratar também das autorizações legais necessárias para a realização do encontro (algo que não lhe atribuímos, mais à frente explicaremos a razão).

Quando falamos com o Clube de Montanha da Figueira da Foz acerca desta ideia, de imediato mostraram grande interesse em envolver-se, oferecendo a sua preciosa ajuda. Pouco depois, transmitiram-nos a vontade que a FPME demonstrou em apoiar este projecto, mas teria de ser com algo que não envolvesse meios financeiros.

Ficou então a FPME, incumbida de tratar de todas as autorizações necessárias para a realização do encontro (foi por esta razão que neste campo recusamos a ajuda da D’Maker). Sendo que o local de escalada se encontra dentro do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), foi necessário pedir autorização à direcção do Parque e ICNB (Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade). Também alguns membros do Clube de Seia deram uma ajuda no campo das autorizações, deslocando-se pessoalmente a Manteigas, para saber acerca de um possível apoio da Câmara ao Encontro e apressar a resposta acerca da autorização para acampar no Covão d’Ametade.

Uns dias depois, recebemos por parte do Clube de Montanha da Figueira da Foz um telefonema dizendo que o PNSE/ICNB tinha transmitido à FPME que iria cobrar uma taxa de 100 euros pelo encontro, algo normal em actividades organizadas com fins lucrativos. No sentido de não encarecer o preço do encontro, não quisemos imputar este custo às inscrições. Sendo que o valor não era elevado, averiguamos sobre a possibilidade da FPME pagar esta taxa, o que se poderia enquadrar no “Apoio” que daria ao Encontro. Perante a recusa por parte da FPME, novamente o Clube de Montanha da Figueira da Foz lhes transmitiu que deveriam fazer esforços para que a taxa não fosse aplicada, até porque a actividade não iria ter nenhum lucro (o preço que praticamos pagou o jantar e o croqui), pelo que o argumento do PNSE/ICNB não se aplicava.

Pelo que nos foi transmitido, a questão foi ultrapassada. Não sendo uma actividade com fins lucrativos, não haveria taxa aplicada.

Algum tempo depois, houve uma alteração nas datas do encontro. Para evitar a coincidência entre o encontro e as eleições, decidimos marcar o encontro para o fim-de-semana seguinte, dias 17 e 18 de Outubro. Nesse sentido, a FPME redigiu um novo oficio a comunicar ao PNSE/ICNB a alteração das datas.

Dias depois, a FPME transmitiu-nos que o PNSE tinha dado resposta positiva (via telefone) para a realização do encontro.

Sendo que este assunto estava resolvido, a pressa instalou-se. O Paulo e os “Abismados” trabalharam nos croquis, a D’Maker tratou de envolver as marcas, eu mexia-me para coordenar as frentes. No fim-de-semana anterior ao encontro, eu e o Paulo fomos à Serra equipar algumas reuniões (oferecidas pela D’Maker) e tratar do restaurante. Falamos entre todos os que se envolveram na organização do encontro para organizarmos o “lanchinho” (que em vez de ocorrer na inscrição, acabou por ocorrer no final do dia de escalada!). Pedimos também ajuda ao Grillo, para dar algumas indicações aos escaladores que delas necessitassem, no decorrer do encontro. Tudo estava bem encaminhado.

Rapidamente chegou a sexta-feira...e o problema.

Estávamos eu e o Paulo a iniciar a viagem para a serra, quando pelas 20:00 recebemos por parte da FPME, a informação de que tinham recebido um e-mail e uma carta do PNSE/ICNB, a proibir a realização do encontro. A comunicação dizia basicamente que o Cântaro Magro se encontra numa “Área de protecção parcial do tipo I” (de acordo com o Plano de ordenamento do PNSE) e que nestas áreas “apenas são permitidas actividades de investigação científica, visitação e pastorícia...”.

A primeira pergunta foi “Se a informação chegou de manhã, porque só fomos informados agora?”

De acordo com o que nos foi transmitido pela FPME, só tiveram conhecimento da informação no fim da tarde.

Mas...se de acordo com o que nos foi dito pela FPME, já nos tinham dado autorização...como pode tal acontecer??

Pelo que nos foi explicado, uma funcionária do PNSE, disse pelo telefone à FPME que não haveria qualquer problema e que o encontro se podia realizar. MAS na verdade, nunca houve nenhuma autorização por escrito, que é o único e fundamental elemento legal para que de facto se possa dizer “sim senhor, têm autorização para realizar o Encontro”! O telefonema entre a FPME e o PNSE ocorreu a mais de duas semanas do Encontro. Ficamos a saber que desde esse telefonema, a FPME não realizou mais nenhum esforço, não estabeleceu mais nenhum contacto com o PNSE/ICNB, no sentido de obter a devida autorização legal, ou seja, por escrito, que seria o básico e normal num assunto desta natureza.

Indagámos se iria estar alguém da FPME no encontro e a resposta foi “Não”. Novamente fomos apanhados de surpresa, pois nunca pensamos que o apoio da FPME se reduzisse a 2 ou 3 e-mails e uns telefonemas, que nem cobriram a legalidade da situação, e muito menos não pensamos que o desinteresse da FPME fosse tanto, que nem um representante iria comparecer no encontro. Maior surpresa ainda foi a manutenção desse “Não”, numa situação como a que se chegou! Sendo a FPME parte envolvida, não mobilizaram NINGUÉM para estar presente no local. No caso de sermos abordados pelo PNSE/ICNB, a entidade que os contactou não estaria sequer presente!

“Boa sorte e um queijo”! Não o disseram mas foi o que nos fizeram sentir.

Falamos ainda dos custos envolvidos no caso da não realização do encontro – impressão dos topo-guias e restaurante para cerca de 70 pessoas – e o que nos foi dito foi que não podiam fazer nada. Por outras palavras, saltaram fora e deixaram-nos com a batata quente nas mãos! No caso dos inscritos decidirem não ficar porque não há encontro, quem arcaria com as despesas seriamos eu (Daniela) e o Paulo (assumimos o facto logo que a FPME nos deixou sem qualquer apoio).

Era altura de pensar rápido e agir! No sentido de não incorrermos em nenhuma sanção, decidimos então desmarcar o encontro informando as pessoas do sucedido. Pela tardia informação que colocamos na net, percebemos que seriam muitos os que não teriam acesso a essa informação (até porque havia muita gente já a caminho da Serra!) e decidimos estar no local previsto para as inscrições, para informar a todos do sucedido (da desmarcação do encontro e suas razões). Sentimo-nos também na obrigação de estar ali, para o caso de aparecer alguém do PNSE/ICNB.

Como resultado, as pessoas apareceram, entenderam, acharam por bem ficar para o que passou a ser um jantar de amigos e cada um fez o que achou que devia fazer...na verdade as pessoas foram escalar!

No final do dia apareceram dois funcionários do PNSE/ICNB que apenas nos perguntaram se éramos alguma empresa a organizar algum evento. Respondemos a verdade, dissemos que não e eles foram-se embora! Curiosamente nem sabiam de nada de encontros e proibições!

Para culminar, até hoje, a FPME não demonstrou qualquer interesse para saber o desfecho da situação! Realizou um telefonema ao Clube de Montanha da Figueira da Foz no Sábado de manhã, dizendo que de facto não iria aparecer ninguém da FPME na serra! E desde aí...nada!

As nossas conclusões:

Os nossos erros: delegar o assunto autorizações e não o acompanhar muito de perto, insistindo que queríamos ver a autorização por escrito. Acreditámos na palavra da FPME “temos as autorizações” porque para nós era óbvio que para fazer tal afirmação, a situação estaria completamente legal, ou seja, por escrito! Para nós isso é o básico!

Os erros da FPME: não ter feito os esforços necessários para assegura que os assuntos que se propôs tratar fossem resolvidos atempada e legalmente. O seu “Apoio” consistia apenas em obter as autorizações necessárias da parte do PNSE/ICNB, para que se pudesse realizar o encontro! Descuidaram o assunto colocando-nos numa situação complicada. Perante a situação que criaram, não deram qualquer ajuda na sua resolução, não se dignaram a aparecer no local, nem mostraram qualquer interesse em saber como tinha sido resolvida a situação! É para “isto” que serve uma Federação??? É este o interesse que tem nas actividades que diz querer apoiar e desenvolver?? Algo está errado!

O que esperamos de uma Federação é que apoie e se esforce para desenvolver as modalidades que quer tutelar, e que proteja os interesses dos federados e de todos os praticantes dessas mesmas modalidades.

Chocou-nos também o facto de aquando surgiu a tal taxa a pagar, que de imediato dissessem que não tinham dinheiro para tal! Não estamos a falar de 1000 euros mas de 100! Na verdade, o que sente e vê quem está de fora, é que parece só haver dinheiro para uma coisa: competições. Relembramos uma vez mais, NÓS NÃO QUEREMOS MENOS COMPETIÇÕES! Sentimos no entanto que todas as outras actividade estão abandonadas. Não acredito que a FPME não consiga disponibilizar 100 euros para um encontro de escalada predominantemente de auto-protecção, que consegue mobilizar 80 escaladores!

Quanto a nós, o voto de confiança que demos à FPME, integrando-os na actividade que pretendíamos realizar, transformou-se num verdadeiro balde de água fria. Não vimos de forma alguma os nossos interesses defendidos.

Os erros do PNSE/ICNB: revela, ou uma enorme falta de cuidado ou incompetência, a transmissão da proibição a 24h do acontecimento, mais ainda tendo em conta que a instituição que contactaram (FPME) só tem portas abertas entre as 15:00 e as 17:00 (ou seja, possivelmente só iriam receber a noticia à tarde, a menos de 24h do encontro). Tal impede que os implicados consigam tomar uma atitude congruente com a proibição, sem que haja lesados. De facto, anulamos o encontro, mas as pessoas foram ao local na ignorância e nós tivemos de lá estar para transmitir o que nos foi legalmente comunicado.

De louvar a atitude de todos os apoios envolvidos, que ao contrário da FPME, decidiram ficar junto dos escaladores.

terça-feira, outubro 20, 2009

ENCONTRO DOS ENTALADOS (PROIBIDO!)



No passado fim-de-semana (17 e 18 de Outubro) esteve para ser organizado o segundo encontro dos Entalados na Serra da Estrela, em redor do Cântaro Magro.

Em 2007, tivemos o prazer de organizar o primeiro, na Barragem de Santa Luzia ao qual acorreram cerca de quarenta escaladores.

Este ano tivemos 80 inscrições.

Este é um encontro direccionado para a escalada de auto-protecção, embora sejam muito bem-vindos todos os estilos.

Com efeito, este ano, tivemos também alguns inscritos com a intenção de escalarem vias desportivas e bloco.

No fundo, tratou-se de um encontro de ESCALADA.

Segundo a FPME, que nos estava a apoiar ao nível dos pedidos de autorização, tinhamos a autorização do Parque Natural da Serra da Estrela, para a organização do evento. No entanto, soubemos que o I.C.N. proibiu o encontro, atravéz de um telefonema recebido por nós, por volta das 20.30 de sexta-feira, 16 (encontravamo-nos a caminho da Serra da Estrela, para preparar a recepção das pessoas)!

Perante a impossibilidade de impedir que os inscritos se dirigissem à serra, fomos obrigados a anular oficialmente o evento, atravéz de um comunicado para o Forum Havista mas, resolvemos receber as pessoas no local combinado para explicar a situação.

Quanto ao papel da FPME e ao parecer do ICN, não nos vamos alongar e já publicaremos algo mais, para ajudar a comunidade a reflectir acerca do assunto e a emitir a sua opinião.


Estas linhas servem para agradecermos a todos os participantes do (anulado) Segundo Encontro dos Entalados.


- Um muito obrigado a todos os que se inscreveram no encontro anulado. Obrigado pelas vossas palavras de apoio e presença.

- Um muito obrigado ao Carlos Vieira da D`Maker, com as marcas Edelweiss e La Sportiva, por não “retirar o barco”, perante a adversidade.

- Um muito obrigado à Natalia e ao Sergio (abismados), por todo o trabalho de montagem dos croquis e grande apoio no terreno.

- Um muito obrigado ao Bruno Gaspar e ao Clube de montanha da Figueira da Foz pelo apoio na organização.

- Um muito obrigado à Ema Neto e ao Miguel Grillo, pelo grande apoio no terreno.

- Um muito obrigado ao Helder e ao Clube de montanha de Seia, pelo apoio ao nível de alguns contactos e autorizações.

- Um muito obrigado ao Paulo Branco e ao Corpo de Montanha da G.N.R. pela preocupação, relativa ao estacionamento e segurança.

- Um muito obrigado ao Rui Rosado pela sua interessante palestra sobre a origem e evolução dos Friends.

- Um muito obrigado ao João Fernandes, pelo discurso e pela composição genial da musica da noite (!).

Obrigado e as nossas desculpas pela anulação do evento.


R.P.P.D.


P.S. Nesse mesmo fim-de-semana constatámos que foi organizado uma actividade Todo-o-terreno na Serra da Estrela. Existirá alguma contradição de valores? Natureza?...