segunda-feira, janeiro 31, 2011

VEM AÍ O ORG... !!

VEM AÍ O ORG... !!




Esta acção passou-se em Novembro do ano passado.

A principio, pensámos num outro nome para a via que acabáramos de abrir. Mas, ao longo de toda a escalada não parámos de brincar com algumas frases que tínhamos ouvido num tempo recente.


A Daniela no terceiro lance da via.


Numa genial peça de teatro, protagonizada por Guida Maria, chamada: “Sexo? Sim, mas com orgasmo!”, esta parodiava com a palavra “orgasmo”. “Que palavrão!” – dizia a actriz – “Orgasmo parece o nome dado a um bicho papão, utilizado nos contos infantis!” – e continuou – “Ó Luisinho, tu come a sopa toda, senão vêm aí o ORGAAASMO!”. Guida rematou encenando uma careta grotesca para ilustrar a piada que garantia a gargalhada da audiência.



Dois momentos no quarto lance, o mais dificil.


Apesar do nome inspirado na peça de teatro, a via “Quem vêm aí?” não tem qualquer relação com os palcos. Ou então, pensando melhor, com muita força de vontade e de uma forma rebuscada, talvez até exista uma relação longínqua, na medida em que também fomos protagonistas de uma performance em que utilizámos um palco muito mais amplo e com espectadores muito mais desinteressados e, decerto muito menos exigentes, como seria de esperar, tratando-se de gaivotas e corvos marinhos, a população geralmente encontrada na Falésia dos Pinheirinhos.

Daniela a escalar o quarto lance.


Ao nível técnico a “Quem vêm aí?” revelou-se uma pequena bela surpresa pois, apesar de ultrapassar placas de aspecto monolítico, não foi necessário colocar uma única plaquete em toda a sua extensão de cinco lances (contando com o primeiro lance da "Viagem sem rumo").


Ainda no quarto largo.


A iniciar o ultimo largo.


Escalada desde baixo e à vista, as presas e pequenas fissuras foram-se revelando de uma forma mais ou menos directa e no final da aventura, ficaram para trás algumas cordeletas em pontes de rocha e alguns pitons, de forma a que os futuros repetidores tenham de transportar apenas os habituais conjuntos de friends e entaladores.


Paulo Roxo






A seguir: a descrição da "Humidade Relativa", aberta mesmo à esquerda da "Quem vêm aí?"

quinta-feira, janeiro 27, 2011

ESPÍRITO LIVRE EM TERRAS DE GRANITO

ESPÍRITO LIVRE EM TERRAS DE GRANITO


Desta vez, iremos a terras nortenhas!
Já neste próximo fim-de-semana.

Na sexta (dia 28), pelas 21 horas estaremos na Maia, no restaurante do complexo municipal de Ténis, a convite do Clube de Escalada da Maia.




No sábado (dia 29), a sessão será realizada ás 17 horas, no Auditório do edificio dos Paços do Concelho, desta feita em Barcelos, a convite do Clube Amigos da Montanha.




Em ambas sessões, iremos falar sobre a nossa ultima experiência nos Himalaias e apresentaremos o filme "Espírito Livre".

Sejam bem vindos!

domingo, janeiro 16, 2011

PINHEIRINHOS, A PAREDE AMARELA

PINHEIRINHOS
A PAREDE AMARELA




A história da Parede Amarela, na Serra da Arrábida, é relativamente recente.

A “Bio – (H)azar(d)” foi a primeira via a ser aberta nesta parede e traduziu-se numa escalada semi-equipada inaugurada em Janeiro de 2008, pela Daniela Teixeira e por mim.

Mais tarde, foi aberta a “Cuiação Palpitante” (mesmos autores da via anterior), seguindo o mesmo estilo de escalada, da “Bio...”: desde baixo, equipando o minímo mas, assegurando que os repetidores não necessitassem de utilizar pitons.

A Daniela durante a abertura da "Bio - (H)azar(d).


As linhas desportivas foram equipadas por mim desde o cimo da falésia, tendo surgido em primeiro lugar as “Terrortáctil” e “Gotinha indecisa” e pouco depois, a “Erosão”. Estas três vias foram escaladas pela primeira vez por mim e pela Daniela.

A seguir, equipei as “Pais à força” e “Estrupadores da via alheia” que acabaram por ser abertas em visitas separadas pelos escaladores Nuno Pinheiro, Francisco Ataíde e Filipe Costa. Estas escaladas foram realizadas um pouco por engano, porque os seus autores pensaram (compreensivelmente) que as recentes plaquetes correspondiam a vias abertas. Daí, a origem dos nomes, imaginados pelos próprios.

O Rui Rosado na "Pais à força".


A ultima via desportiva foi equipada desde o cimo por mim e situa-se imediatamente á direita da “Bio...”. Tratava-se de um projecto “aberto”, ou seja, livre a quem quisesse realizar uma tentativa. Adivinhando a dificuldade elevada desta ultima via (sobretudo no terceiro lance), facilmente reconheci a minha incapacidade do momento de concretizar uma tentativa digna desse nome. Por isso, não hesitei em aconselhar a via a quem tivesse curiosidade para a escalar. Recentemente, o Francisco Ataíde e o Nuno Pinheiro lançaram-se à nova via e acabaram por a escalar pela primeira vez, sem que tenha surgido o encadeamento. A sua proposta de dificuldade vai para o 7b+.

A ultima via aberta até agora na Parede Amarela é a “De novo, o Estado novo?!”. Foi iniciada por mim e pela Daniela e terminada na companhia de João Gaspar. Trata-se de uma “clássica”, com um terceiro lance realizado em escalada artificial interessante e representando ao mesmo tempo, um emocionante objectivo futuro de escalada livre.

O João Gaspar na "De novo, o Estado novo".


Os topos













Características gerais: As vias clássicas encontram-se semi-equipadas e podem ser realizadas com um conjunto bastante completo de friends e entaladores e, para as que tem lances de escalada artificial, contar com os óbvios estribos.

As vias totalmente equipadas devem ser entendidas como “desportivas de aventura”. São vias de “largos” e as reuniões estão normalmente localizadas em plataformas cómodas que nada têm a ver com os “top`s” normalmente encontrados nas escolas desportivas. Também para estas vias, o capacete é fundamental.

Com excepção para a “De novo, o Estado novo?!”, todas as outras reuniões estão equipadas e preparadas para o rapel. No entanto, a via “Erosão”, pode ser considerada como a linha de rapel da parede.

Aconselhadas cordas duplas, ou simples de 70 metros.


A seguir: as duas novas e belas vias abertas na falésia dos Pinheirinhos.


Paulo Roxo

quinta-feira, janeiro 06, 2011

DE NOVO?!

DE NOVO?!


A Parede Amarela.


Aparentemente, o país está de rastos.

Todos os meios de informação emitem noticias pessimistas deixando no ar uma sensação de depressão que se sente profundamente, ao ponto de quase se cheirar.

Neste ambiente negativista geral, sobressaem algumas atitudes mais extremistas. Subtilmente, somos enredados por uma névoa quase imperceptível formada por medos julgados esquecidos. Heranças sinistras do passado, julgadas passadas mas, de novo presentes. Medos incentivados por existências precárias, de vidro cada vez mais fino e quebradiço.


Depois de tantos anos imersos numa ditadura opressora, os espíritos voltam a toldar-se e, em passinhos leves, de uma forma silenciosa, eis que, de novo surge o medo de falar, de emitir certas opiniões polémicas ou incómodas. O medo das represálias sobrepõem-se à opinião.

Desta vez porém, torna-se mais difícil identificar o opressor.

Nos tempos negros da nação a opressão estava personificada na figura ridículo/trágica de Salazar.

Hoje, as pressões tem uma origem mais global, quase impossível de individualizar. É a ditadura dos novos tempos, mais subtil mas, igualmente lesiva, igualmente castradora.

Dizem-nos que, nesta era tecnológica, o bicho papão chama-se PODER ECONÓMICO. E este é o poder em redor do qual orbitam desordenadamente os políticos fantoches e todos nós, numa amalgama absurda de mentes desorientadas e confusas.



Também eu me sinto confuso. Não sei como o martelo escorregou da mão acertando-me em cheio nos óculos. Felizmente foi um golpe de raspão que resultou apenas num pequeno risco numa das lentes.


Artificial.


O João Gaspar espera pacientemente lá embaixo, na reunião. Espera que eu resolva este lance de escalada artificial, moroso e algo trabalhoso.


O João na reunião, a passar o tempo.


Neste momento, os problemas globais resumem-se ao metro quadrado de calcário, por cima do meu capacete.

Por algumas horas, os medos mesquinhos dão lugar à boa disposição e a discursos de escárnio e maldizer. Por algumas horas trocamos palavras ao calhas, irreflectidas e lançamos ao ar frases estúpidas sem pensar na etiqueta. Palavrões entre cada passo de escalada. Asneiras entre cada metro conquistado.


Eu, a fingir que me vou lançar em escalada livre.


Ideias livres.

Mas, de súbito... “livres?!”

Estamos presos!

Presos a uma corda, presos aos mosquetões, presos a um tremelicante piton, presos a uma reunião. Presos a uma escalada arriscada e presos ao compromisso em si.

Nesta prisão, longe dos medos, apercebo-me que, na verdade, por algum tempo estamos LIVRES.


Empurrada por uma brisa maliciosa, vai surgindo a duvida, a questão inconveniente, será que temos aí à porta...

DE NOVO, O ESTADO NOVO?!




Esta via foi iniciada pela Daniela e por mim em Outubro do ano passado.

Abrimos dois dos seus três lances de escalada e ficou por terminar a parte mais complexa, o imponente extra-prumo que constitui a imagem de marca da própria parede, sobretudo quando a avistamos em perfil, desde o trilho de aproximação.



Momentos da Daniela no segundo lance e na reunião.


No dia 28 de Novembro, o João Gaspar animou-se com a ideia e pusemo-nos a caminho, decididos a terminar uma nova via na Parede Amarela, sector que precede a Falésia dos Pinheirinhos.

O João lançou-se à frente nos primeiros dois lances e eu encarreguei-me de trabalhar o terceiro largo, no mais puro estilo de escalada artificial.




Momentos do Gaspar a iniciar a via, no segundo lance e na saída.


A via ficou semi-equipada com pernes inox e alguns pitons e, para a sua repetição serão necessários os habituais conjuntos de friends, micro-friends e entaladores.

O terceiro lance promete um bom desafio a quem se propuser uma ascensão em livre.

Perspectiva do topo.


A seguir: os topos de TODAS as vias da Parede Amarela.


Paulo Roxo

sábado, janeiro 01, 2011

ANO NOVO SITE NOVO!

ANO NOVO SITE NOVO!


...mas o blog continua!!!