A PAREDE ESQUECIDA
Face oeste do Cântaro Magro... a "Parede esquecida" não é aqui!
Em Setembro passado a Daniela e eu, descobrimos uma nova
parede na Serra da Estrela...
...ou então, não descobrimos nada!
Com efeito, esta “descoberta”, nada tem de secreta ou de
“nova” porque, a bem da verdade, encontra-se à vista de toda a gente. Qualquer
escalador nesta parede pode ser facilmente identificado por qualquer turista
que pare na curva do Cântaro, ao ponto de termos considerado o nome de “Parede
dos Macacos”, para o sector.
A preparar as hostilidades.
A Daniela a ultrapassar o primeiro lance fácil da nova via.
Cada vez que descíamos o corredor dos Mercadores em direcção
à face sul do Cântaro Magro aí estava ela, à nossa esquerda, piscando-nos o
olho, mesmo ao lado da espectacular “Placa dos Mercadores”. A grandiosa face
sul atraía muito mais e, a sua irmã mais pequena, teria de esperar por
entusiasmos futuros.
A primeira parte da parede está constituída por ressaltos
pouco atraentes, explicando talvez, a sua aparente marginalização. Acontece que
a metade superior apresenta uma morfologia muito mais apelativa, convidando à
inquietude do escalador atento.
A entrar no terceiro largo. "Porque raios me fui esquecer dos entaladores?"
Uma bonita placa no terceiro lance.
No dia 2 de Setembro, tínhamos outras ideias em mente mas,
os planos não saíram conforme o previsto e a modos de “plano B” decidimos tentar
a sorte nas placas e fissuras verticais do referido sector.
Munidos apenas de um conjunto de friends – pela primeira vez
em muitos anos, os indispensáveis entaladores ficaram esquecidos em casa –
embrenhámo-nos na nova aventura e, quatro largos depois, nos quais estiveram
incluídos dois passitos de “agarranço” em A0 e um passo ou outro mais exposto,
alcançámos o topo da parede, saindo pela via normal do Cântaro, deixando absolutamente
nenhum ponto fixo em todo o recorrido.
A Daniela a negociar o terceiro lance.
Na travessia final do terceiro lance. "Agarranço" sem preconceitos.
Sem nunca chegar a ser extremo, fomos acompanhados ao longo
de toda a escalada por um vento incómodo e, isso motivou o nome para a nova
via.
A iniciar o ultimo largo, o mais dificil e exposto, pouco depois destes primeiros passos bem protegidos.
A “Caprichos do vento” foi aberta seguindo um conjunto de
fissuras que se deixaram ultrapassar em função do nosso parco material
disponível para proteger. No fundo, fomos atrás do que nos pareceu ser a linha
de maior fraqueza da parede, não necessariamente a mais bonita. No entanto, uma
breve observação denunciou novas possibilidades óbvias para o futuro, sobretudo
na segunda metade da parede, a mais vertical e desafiante.
Na Serra da Estrela, já não é surpresa, o futuro está
garantido!
Provavelmente, a época de rocha terminou na Serra da Estrela
contudo, aqui fica mais uma proposta para a seguinte época
Primavera/Verão... aos interessados, aproveitem!
Agora pode vir o Inverno e que venha a galope, pois os piolets já estão a
tremelicar de ansiedade!
Paulo Roxo
Os habituais TOPOS
Vista desde a Curva do Cântaro