UMA... NOVA...
A via apresentada foi escalada em Novembro e Dezembro de 2008.
A “Olhos tristes” foi aberta na parede do Espinhaço entre a “Kamikaze” e a “Mancha branca”.
Tem uma secção comum com a “Mancha branca” e cruza com esta na terceira reunião, a qual foi reforçada com uma plaquete inox (existiam três spits bastante oxidados!).
Foi aberta desde baixo utilizando máquina para colocação dos pernes.
A via foi parcialmente equipada tendo em vista uma futura realização integral em livre. No entanto, o seu grau obrigatório não ultrapassa o 6b/A1.
Pode ser um bom desafio de dificuldade para os amantes do vazio no Cabo da Roca – em especial os terceiro e quarto lances, por certo bastante duros, se forçados em livre.
Parte da via foi aberta em solitário.
Truques solitários!
A ideia inicial consistia em percorrer todo o extra-prumo de placa à esquerda do terceiro lance. No entanto, a perspectiva de furar demasiado demoveu-me de continuar pela linha estudada. Assim, a segunda metade do lance percorre todo um diedro aéreo (mas fácil), em comum com a “Mancha branca”.
Um medo irracional acompanhou-me durante toda a ascensão. Creio que a parede do Espinhaço tem um dom especial. O seu angulo geral, fortemente extra-prumado cria uma impressão de amplificação das suas reais dimensões. O mar, quase sempre batido, ajuda a gerar um ambiente particularmente impressionante e intimidante.
Durante a escalada em solitário deparei-me com alguns pitons antigos (e carcomidos) e um velho spit, no penúltimo lance. Tratava-se de uma variante de saída da “Mancha branca” que desconhecia.
Na "Variante de saída da Mancha branca".
A descoberta dos artefactos deixou-me um bocado desmotivado.
Esta nova via era para mim especial e tinha-a sonhado mais ou menos independente. Primeiro, o troço em comum com a “Mancha branca”, logo a “descoberta” da variante, deixaram um ligeiro sabor amargo à aventura solitária de dois dias (separados por uma semana).
Estava decidido a “rectificar” a via.
Convidei a Daniela e, no dia 21 de Dezembro as estrelas conjugaram-se para a realização da escalada.
Daniela no primeiro lance.
O segundo largo.
Terceira tirada.
Daniela a sair para o troço em comum com a "Mancha branca".
O tal troço comum com a “Mancha branca” do terceiro largo permaneceu conforme o original mas, um penúltimo lance foi inaugurado. Percorre os primeiros metros da fissura lógica da “Variante”, para logo torcer para a direita através do extra-prumo e saindo por um diedro fácil muito evidente.
A abrir o quanrto lance.
Fácil e "disfrutón" largo de saída.
Terminámos a nova via no topo da fantástica falésia do Espinhaço, quando esta exibia tons de vermelho fogo, iluminada pelos últimos raios de sol.
Paulo Roxo
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