segunda-feira, dezembro 10, 2012

Abertura da época balnear

  REMEMBER, REMEMBER, THESE DAYS OF DECEMBER

(PARTE UM)


 


Entre as pressas da semana mirávamos ávidos vários sites de meteorologia, com a alma sôfrega, desejosa de descobrir temperaturas negativas para as cotas mais altas da Serra da Estrela. Quando percebemos que às baixas temperaturas da semana se juntavam uns farrapitos de neve, o ânimo acendeu e o Paulo entregou-se à labuta, entre crampons e piolets era preciso afiar 8 bicos!
Já com a trouxa arrumada lê-mos no Facebook do Vítor Baía que para os amantes da neve a dita ia ser escassa. Os neurónios deram mais algumas voltas e com muitas dúvidas mas com a mente muito aberta (aberta o suficiente para curtirmos um fim de semana fora de casa sem fazermos absolutamente nada!) rumámos ao maciço central.
A subir a estrada da serra no Sábado de manhã, não sabíamos muito bem o que pensar. O termómetro do carro marcava -1, à beira da estrada viam-se uns cachos de gelo (o que era bom sinal!), mas a visão à séria...essa era inexistente. Queríamos ver a Cascata Encaixada, mas as nuvens baixas teimaram em mantê-la longe dos nossos olhares. Para onde ir? 


 O túnel da estrada da Torre, gelado,como "manda a sapatilha!"


Decidimos como primeira tentativa descer ao sector “Loriga Ice”. Os primeiros passitos fora do carro foram...gélidos! Pois é, a falta de hábito dá nisto! O vento teimava em enregelar-nos os ossos e a nuvem baixa que cobria o cucuruto da serra não queria dar tréguas, mas à medida que descemos em direcção aos Covões de Loriga o relevo começou a proteger-nos da intempérie. Com o passar do tempo, também a teimosa nuvem nos foi dando mais visibilidade, visibilidade essa que foi suficiente para perceber de longe que o gelo em Loriga Ice era insuficiente para abrir a época de Inverno. Ainda assim o cenário que a serra nos oferecia já nos fazia pensar que a visita valia a pena.


 "Loriga, is that way!"


 O vale de Loriga em toda a sua glória!


 Resignados, retomámos a caminhada até ao carro decidindo pelo caminho dar uma espreitadela ao corredor onde se encontra a cascata das couves. A aproximação foi feita com desconforto, já que a neve que caiu não foi suficiente para criar um tapete liso para uma progressão fácil. Com alguns escorregões nas pedras soltas e deslizantes aproximámos à Cascata das Couves, que não era mais do que...uma folhinha mirrada de Couve?! Apesar de dar para escalar, a dita estava tão pequena que não nos entusiasmou o suficiente para tirarmos as cordas das mochilas. Por esta altura já tínhamos avistado a face oeste do Cântaro, branca e imponente, com aquele aspecto “Scottish” que nos aquece a alma...e nos gela as mãos.
Que fazer?


 A Cascata das Couves... mirrada!


O Cântaro a surgir por entre as nuvens... prometedor!


O dia já ia avançado quando decidimos, na nossa democracia a dois, fazermos um reconhecimento na zona da face oeste do Cântaro, para quem sabe, no Domingo, tentarmos uma “mistalhada”. Deixámos o carro na famosíssima curva do Cântaro e descemos para espreitar com seriedade a face oeste, o dia parecia destinado aos reconhecimentos. Logo ali à direita do corredor da ponte, umas fendas no maciço granítico que estava também pintado de branco começaram a atrair-nos. “E se fossemos por ali?”, “Se calhar ali dava uma via gira!”. Numa troca de blá-blás decidimos tentar algo na dita parede, uma via pequena para algumas horas de luz que ainda tínhamos pela frente.


 A tentar enfiar as cordas duras no descensor.


 Mais dificil do que aparentava, o primeiro lance do novo projecto foi conquistado...


 ... a duras penas!


E de repente, assim sem grandes esperanças, estávamos a abrir uma via! As fendas convidativas que pareciam boas para aquecer deixaram-nos...a escaldar (por vezes as aparências iludem!!!).


"Uf! O crux do primeiro lance já cá mora!"

 A Daniela a passar o crux do novo largo.


 Os ultimos movimentos "durillos" do primeiro lance do projecto.


Não foi rápido o tempo que demorámos para nos reunirmos 35m acima do solo, prontos para o segundo largo. Esse segundo largo que ficará para um próximo assédio. O Paulo ainda tentou, mas a fina fissura que se erguia acima da reunião ia levar o seu tempo (pois é, vai sair mais um largo escaldante!), tempo esse que não tínhamos, pois o dia estava já a ficar sem cor.


 "Venga aí!!!"


 Bom foi perceber que os tufos de erva já se encontravam gelados e as condições para o misto estavam ao rubro, muito melhores do que poderíamos supor. Ou seja, percebemos que o Domingo ia ser O DIA!


 Piolet bem cravado em... erva sólida e está feito!


 A iniciar o segundo lance antes de abandonar dois pitons numa reunião improvisada. De joelhos porque no misto vale (quase) tudo!


Felizes com a nova linha, com uma abertura da época invernal em grande e com a lembrança de um filme que revimos há uns dias, decidimos apelidar o projecto de “Remember remember the first of December”.
Como não podia deixar de ser, para recompensar o esforço terminámos no restaurante Varanda da Estrela, no aconchego de um tinto, uma chouriça assada e um troço de queijo serrano!


Daniela Teixeira




 O topo:




A SEGUIR... A SEGUNDA PARTE DA ABERTURA DA ÉPOCA BALNEAR!

2 Comments:

Anónimo said...

Muito fixe!!!
Scoty Way!!!
Aquele abraço
João Animado

Unknown said...

Bem bom para começar a época!

Pelas fotos poderíamos dizer que estavam em Ben Nevis...

Felizmente é na Estrela!!
Sérgio D.