FACE LESTE CLÁSSICA
ou
PASSEIO DE VERÃO + VIA VERDE
A magnífica face leste do Cântaro Magro!
Escalar as vias mais fáceis da face leste do Cântaro Magro
significa realizar algumas passagens de rocha e atravessar canais de vegetação
densa e incómoda, muito mais apropriados para a estação invernal, quando estes se
transformam em corredores de neve. Em alguns casos trata-se de uma experiência
mais parecida com as aventuras florestais da National Geographic do que com uma
aventura habitual de escalada em rocha.
Bruno Silva, durante uma das repetições da "Face leste Clássica".
O itinerário aqui apresentado é uma proposta de escalada de
grau fácil, que permite cruzar a face leste do Cântaro quase sempre por terreno
rochoso. Vamos encontrar a inevitável vegetação apenas na grande travessia que
permite aceder à última parte da via proposta e, claro está, na grande varanda
conhecida como “Anel do Cântaro”.
Bruno Silva, durante uma das repetições da "Face leste Clássica".
Esta não é uma nova via. Trata-se da combinação de duas
clássicas antigas abertas por Paulo Alves e companhia. A “Via Verde” foi
escalada pelos Paulo Alves, Vasco Pedroso e Ana Reis no dia 17 de Junho de
1976. A “Passeio de Verão” foi escalada a 22 de Agosto de 1978 por duas
cordadas, uma formada pelos Vasco Pedroso e Paulo Alves e a segunda por Carlos
Teixeira e Mário Cardoso.
Ambas vias foram abertas sem recorrer à colocação de
expansivos. No entanto, com o passar dos anos e com as repetições, as plaquetes
foram surgindo, embora de uma forma tímida e apenas em algumas reuniões,
conforme apresentado no croquis. Nenhuma foi acrescentada durante as repetições
actuais, para a elaboração desta resenha.
Paulo Alves a assegurar um companheiro de cordada (1972).
O Paulo Alves é um pioneiro que inaugurou imensas vias de
escalada mais ou menos por todo o território Português tornando-se num dos
escaladores todo o terreno mais influentes da sua época. Na Serra da Estrela,
entre o início dos anos de 1970 até bem tarde da década de 2000, deixou belas linhas
de escalada em rocha, algumas delas transformadas em verdadeiras clássicas de
referência.
Depois da primeira ascensão da face leste do Cântaro Magro,
levada a cabo pelos montanhistas Jorge Monteiro e Moura Martins, em Agosto de
1953, não constam grandes investidas de escalada no Cântaro Magro. Foi no início
dos anos 70 que os escaladores recomeçaram a interessar-se pelas belas paredes
da Serra da Estrela. Durante esta década, Paulo Alves, Vasco Pedroso e outros
companheiros de cordada, acabaram por escalar os itinerários mais lógicos da
face leste. Munidos com o martelo e alguns pitons de rocha eram obrigados a
seguir as fissuras e as linhas de fraqueza da parede o que, muitas vezes, os
obrigava a atravessar jardins de vegetação. As grandes placas eram evitadas e,
só com o surgimento dos expansivos, começaram a ser enfrentadas.
Paulo Alves, na actualidade, durante uma escalada no Cântaro Magro.
O alinhamento apresentado, aqui chamado “Face leste Clássica”,
possui uma boa variedade de lances, todos de dificuldade “acessível”, alguns
com características de trepada, podendo ser ultrapassados com sapatilhas ou
botas de caminhada e os outros de escalada pura, para os quais se aconselha a
utilização dos pés-de-gato.
Trata-se de uma via longa (medida à corda deu algo a rondar
os 650m), de caracter alpino, que pode proporcionar um bonito dia de aventura,
com a cereja no topo do bolo na figura do cume do Cântaro Magro.
Uma bela via para desfrutar a partir da Primavera.
Paulo Roxo
Os Topos
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