quinta-feira, maio 28, 2009

SERRA DA ESTRELA. VALE DE LORIGA.



O Verão aproxima-se e a Serra da Estrela acaba de despir o seu efémero manto de neve.

Há muito que os piolets estão estacionados e é tempo de pensar em... rocha. Pelo menos para vocês, que anseiam por retornar ao granito da Serra, ou que finalmente, se decidiram conhecer o que a Estrela tem para oferecer.

Entre 1996 e 2003, foram realizadas várias visitas ao belíssimo Vale de Loriga. Durante algumas Primaveras e Verões foram abertas uma vintena de vias, dispersas por quatro maciços principais localizados abaixo da represa que fecha o vale.

Desde então permaneceram um pouco na obscuridade e esquecimento. São no entanto, linhas naturais e intuitivas, algumas belas vias de fissura que pedem a gritos para serem escaladas.

Desvenda-se aqui, mesmo antes de partir para um outro canto do mundo, as vias existentes até à data, no Vale de Loriga.


ACESSO E APROXIMAÇÃO


Para o Vale de Loriga, vindo da Covilhâ, passar os grandes (e aberrantes!) estacionamentos do ski. Na primeira curva teremos uma ampla vista sobre o Vale de Loriga (ao fundo divisa-se o sector “Al Cabreiro”, depois da represa), passada a segunda curva para a esquerda, encontramos uma esplanada onde é possivel aparcar. Desde aqui sai um estradão de terra que se dirige directamente para o Vale de Loriga. Passamos por cima da represa e descemos por trilho evidente até ao Covão da Areia, no centro do vale.

O primeiro grande maciço da direita é o Cabeço do Balcão. Subindo pela direita do vale chegamos aos outros sectores.

Atenção: Se vamos deixar algo de valor dentro da viatura o melhor será estacionar junto à Torre e realizar o trajecto a pé. 1h30, a descer.




AL CABREIRO E COIÇO DA NAVE




  1. Al Cabreiro. 80 mts, 6b/A1. Paulo Roxo, Ricardo Nogueira e Paula Ferreira em 13 de Julho de 1996.

Reuniões equipadas.

L1: V. Entrada pela esquerda de um diedro, logo pelo diedro.

L2: 6b/A1. Diedro seguido de espectacular fissura de entalamentos. Travessia final para a esquerda em artificial.

L3: 6a. Fenda, seguida de curta chaminé. Saída por placa protegida com um piton.

Material: Friends, médios e grandes repetidos. Entaladores.

Descida: Rapel pela própria via.

  1. Em busca da cascata perdida. 80 mts, 6c. Paulo Roxo e Vasco Candeias em 5 de Fevereiro de 2000 (linha oculta no croquis. No interior da grande chaminé).

Reuniões equipadas.

L1: Comum com a “Al Cabreiro”.

L2: 6c. Fenda em linha recta a meio da grande chaminé.

L3: 6a. Chaminé (túnel vertical!). Saída por fissura vertical.

Material: Friends e entaladores.

Descida: Rapel pela “Al Cabreiro”.

  1. Os vagabundos do Gore-tex. 80 mts, 6c/A1. Paulo Roxo e Mário Albuquerque em 9 de Julho de 2001 (segundo lance oculto no croquis. No interior da grande chaminé).

Reuniões equipadas, excepto a ultima

L1: Comum com a “Al Cabreiro”.

L2: 6c/A1. Diedro à direita da “Em busca da cascata perdida”. Travessia horizontal para a direita protegida com pitons (artificial), que convêm rebater.

L3: 6b+. Travessia horizontal até esquina aérea. Logo na vertical por placa.

Material: Friends. Repetir grandes (camalot 4) e médios.

Descida: Rapel pela “Al cabreiro”.

  1. Master Five. 80 mts, 6c. Paulo Roxo e Paulo Gorjão em Setembro de 1999.

Reuniões equipadas com um perno. Algumas plaquetes nos largos.

L1: V. Trepada algo musgosa de acesso ás vias.

L2: 6c. Fenda dificil, chaminé aberta e saída por fissura.

L3: 6b+. Diedro dificil, off-width e fissura de saída.

Material: Friends. Repetir médios.

Descida: Rapel pela “Al Cabreiro”.

  1. O grande diedro. 80 mts, 6b. Paulo Roxo, Paulo Gorjão e Vasco Candeias em 17 de Junho de 2000

Reuniões equipadas com um perno, excepto ultima.

L1: V. Comum com a “Master Five”.

L2: 6a+. Diedro evidente.

L3: 6b. Diedro evidente.

Material: Friends. Repetir médios.

Descida: Rapel pela “Al cabreiro”.

  1. La Psicóloga. 80 mts, 6a. Paulo Roxo e Vasco Candeias em 17 de Junho de 2000.

Reuniões 1 e 3 equipadas com um perne.

L1: Comum com a “Master Five”.

L2: III. Trepada de acesso à fissura.

L3: 6a. Fissura que alarga até se transformar em off-width.

Material: Friends médios e grandes. Aconselhável camalot 5.

Descida: Rapel pela “Al Cabreiro”.

  1. Greta Garbo. 60 mts, V+. Paulo Roxo, Ricardo Nogueira e Yolanda Traver em 15 de Março de 1997.

Uma plaquete na ultima reunião.

L1: V. Placa e fissura vertical. Reunião em fenda horizontal.

L2: V+. Laca algo técnica até alcançar fissura vertical.

Material: Friends e entaladores.

Descida: Rapel pela “Graciosa”, com cordas duplas de 50 metros.

  1. Aquiles. 50 mts, V+. Miguel Loureiro, Paulo Roxo e Paula Ferreira em 3 de Agosto de 1996.

Reunião equipada.

Fissura rectilínea evidente.

Material: Friends e entaladores.

Descida: Rapel pela própria via com cordas duplas de 50 metros.

  1. Graciosa. 50 mts, V+. Paulo Roxo e Yolanda Traver em Junho de 1996.

Reunião equipada.

Fissura rectilínea evidente (paralela com a “Aquiles”).

Material: Friends e entaladores.

Descida: Rapel pela própria via com cordas duplas de 50 metros.

  1. Ervas. 50 mts, V. Paulo Roxo, Paula Ferreira e Miguel Loureiro em 4 de Agosto de 1996.

Via totalmente desequipada.

Primeiro por diedro, logo por placa musgosa.

Material: Friends.

Descida: Rapel pela “Graciosa” com cordas duplas de 50 metros.

  1. Moby Dick. 50 mts, 6c. Paulo Roxo e Francisco Sancho em 3 de Junho de 2000.

Reuniões equipadas e três plaquetes no primeiro largo e uma no segundo largo.

L1: 6c. Diedro com entrada estranha.

L1: (11a) IV. Entrada alternativa.

L2: 6c. Fina fissura evidente.

Material: Friends e entaladores.

Descida: Rapel pela “Graciosa” com cordas duplas de 50 metros.


COIÇO DA NAVE

  1. Bigwallica. 60 mts, 6c. Paulo Roxo, Miguel Loureiro e Paula Ferreira em 4 de Agosto de 1996.

Uma plaquete na reunião final.

L1: 6c. Fissura vertical e em meia lua para a esquerda. Saída para a direita antes do final da travessia, logo placa tombada até à reunião.

L2: 6b+. Fenda vertical evidente.

Material: Friends. Repetir médios.

Acesso: Rapel pela própria via. Cordas duplas de 60 metros. Reforçar reunião.


CABEÇO DE BODE



  1. Natal de Verão. 100 mts, 6b/A1. Paulo Roxo em solitário em 1 de Setembro de 1998.

Via totalmente desequipada.

L1: 6b. Entrada dificil seguida de chaminé fácil.

L2: 6b. Grande lastra.

L3: A1/V+. Fenda vertical (artificial), floresta de zimbro e diedro.

Material: Friends e entaladores.

Descida: A pé, destrepando pela direita do sector.

  1. O antagonismo dos pólos. 80 mts, 6c. Miguel Grillo, Paulo Roxo, João Ferreira, Ricardo Rodrigues, Helder Massano em 31 de Maio de 2003.

Segundo lance totalmente equipado.

L1: 6c. Fenda larga (off-width).

L2: 6a+. Placa técnica totalmente equipada.

Material: Friends grandes e médios.

Descida: A pé, destrepando pela direita do sector.

  1. Manel das feijocas. 50 mts, 6c. Paulo Roxo e João Ferreira em 31 de Maio de 2003

Reuniões equipadas.

L1: 6c. Fissura dificil e vertical.

L2: V. Placa tombada.

Material: Friends e entaladores.

Descida: A pé, destrepando pela direita do sector.


CABEÇO DO BALCÃO



  1. Pitágoras. 80 mts, 6a. Paulo Roxo e Yolanda Traver em 23 de Junho de 1996.

Via totalmente desequipada.

L1: 6a. Fissura diagonal para a esquerda.

L2: V. Fissura diagonal para a direita.

Material: Friends e entaladores.

Descida: A pé, destrepando pela esquerda do sector.

  1. Noite na Terra. 80 mts, 6a. Paulo Roxo e Yolanda Traver em 23 de Junho de 1996.

Via totalmente desequipada.

L1: 6a. Diedro com entrada por granito branco.

L2: V+. Fissura/diedro.

Material: Friends e entaladores.

Descida: A pé, destrepando pela esquerda do sector.

  1. Homem-Rato. 110 mts, 6a/A1. Paulo Roxo em solitário em 31 de Agosto de 1998.

Um spit na primeira reunião e outro no inicio do segundo lance.

L1: 6a/A1. Diedro evidente. Saída para a direita por fina fissura.

L2: A1/V+. Fissura fina vertical.

L3: V+. Fissura, primeiro vertical, logo mais tombada.

Material: Friends, entaladores e uns três pitons (dois lâminas e um universal).

Descida: A pé, destrepando pela esquerda do sector.

  1. Diedro inevitável. 100 mts, 6b/A1. Primeira ascensão desconhecida.

Via totalmente desequipada.

L1: 6a. Esporão à esquerda de uma chaminé. Reunião em árvore numa grande plataforma.

L2: A1/6b. Diedro evidente.

L3: A1/6b. Diedro evidente.

Material: Friends e entaladores.

Descida: A pé, destrepando pela esquerda do sector.



Segue uma lista de vias muito aconselhadas para uma primeira visita... ou segunda visita... ou terceira...


Al Cabreiro – Segunda via a ser aberta no maciço. A fissura de entalamentos de mãos do segundo lance diz tudo. Ainda espera uma realização total em livre.

Em busca da cascata perdida – Única via aberta no Inverno. Muito bonita. A sua chaminé, interior, tipo túnel vertical dá-lhe um toque de graça pouco habitual.

Os vagabundos do Gore-tex – Aérea via cujo segundo lance espera uma total realização em livre.

Master Five – Fissuras espectaculares.

O grande diedro – Incontornável. É O diedro!

La psicóloga – Fenda larga, arranha ombro mas, uma boa recordação masoquista.

Moby Dick – Uma das melhores vias de Loriga. O primeiro lance é de difícil leitura (à entrada).

Bigwallica – Espectacular linha de dois largos de realização obrigatória.

O antagonismo dos pólos – O primeiro largo segue uma das fissuras mais rectilíneas da Serra da Estrela. É no entanto um “off-width”. O segundo largo, segue uma placa técnica muito bonita, totalmente equipada (com ambiente!). Via obrigatória!

Manel da Feijocas – Muito boa via que espera ainda um encadeamento.

Homem-Rato – Aberta em solitário, o seu nome deve-se a um ratinho que saltou de um arbusto quase provocando a queda (que seria monumental) do aberturista.

Diedro inevitável – O diedro mais evidente do sector.


A maioria das vias foram abertas sem se realizar qualquer limpeza de musgo. Algumas, no maciço de Al cabreiro, foram posteriormente escovadas mas, já lá vão uns anitos. Por isso, a acrescentar ao material necessário, não esquecer uma escova.



Paulo Roxo




6 Comments:

Anónimo said...

Temos é que fazer aqui um encontro dos velhinhos. Viva a serrinha!!!!! Viva nós!!!!!
A ver se nos encontramos aqui breve.
Aquele abraço
João Animado

Anónimo said...

Oi Paulo envia-me uma msg para ricardofb@hotmail.com só para eu ficar com o teu e-mail. Precisava de te perguntar uma uma coisa sobre escalada na Serra...

Abraço

R.

RuimRosado said...

Muita bem, gandas kokis on line.
Abraço e boa sorte

Rosado

TPais said...

Excelente Paulo!!Pelo menos na clássica não há esta necessidade de vender os croquis para comprar plaquetes!!eheh!
Abç

Unknown said...

oi

estive lá a escalar este fds e recomendo vivamente. Eu e a Ana escalámos GRande Diedro (muito boa), Bigwalica (espectacular) e Al Cabreiro (que tivemos o cuidado de escovar e fazer o encadene em livre, o 2 lance é divinal penso ser 6c em livre. Deixámos ainda escovado o 1 lance da Mobydick (que não dei tempo para escalar mas que tb parece óptima)
Parabéns Roxo é só pena o sector estar ao abandono merece muitas visitas.

Rosado e Ana

Anónimo said...

aceitam deixar uma ou duas fragas para a passarada?? claro que não..... sois os reis das alturas....... a serra é Vossa ede mais ninguém